Detalhe de muitas cordas atadas entre si

Cinco maneiras de simplificar a sustentabilidade em sua organização


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Cinco princípios ajudarão os líderes a cortar a complexidade da sustentabilidade, proteger e criar valor, e fazer uma diferença real. 


Em resumo

  • Só dá para resolver o amplo espectro de questões de sustentabilidade encontrando formas simples de tomar providências significativas dentro de um contexto profundamente complexo.
  • Construa confiança com todas as partes interessadas, concentrando-se no que é importante, contando uma história consistente e transformando as intenções em ações mensuráveis.

Atransição para um futuro sustentável constitui o desafio mais premente e complexo que o mundo enfrenta hoje. Isso exigirá mudanças em uma escala que ninguém experimentou antes. As questões de sustentabilidade afetam várias partes do negócio e envolvem numerosas partes interessadas. Essas partes interessadas muitas vezes têm prioridades diferentes e conflitantes, e todas elas acreditam que suas necessidades são urgentes - a sustentabilidade é um negócio que pertence a todos.

A maioria dos líderes não está com poucas sugestões sobre o que poderiam ou deveriam fazer em resposta aos desafios que suas organizações enfrentam, e na maioria das situações há muitas "opções certas" disponíveis. A gama e o volume de escolhas, prioridades e possíveis ações podem paralisar a tomada de decisões e prejudicar o ímpeto de realização dessas ações. Os líderes precisam trabalhar a coisa certa a fazer, e depois fazê-la corretamente - trata-se de dois desafios diferentes, porém conectados, e igualmente difíceis.

 

 

Quando a rede dos stakeholders de uma organização tem prioridades de sustentabilidade conflitantes, os líderes devem definir, cuidadosamente, não apenas a coisa certa a fazer, mas também a forma correta de fazê-lo.

 

 

A única forma de atacar a esmagadora complexidade do tema e tomar medidas significativas que criam e protegem valor para todas as partes interessadas consiste em encontrar maneiras de simplificar a sustentabilidade. Se você consegue simplificar, pode torná-lo mais exequível. Uma mudança significativa passa então a ser realizável, criando valor para os negócios, para a sociedade e para o planeta. Chamamos isso de sustentabilidade orientada por valores.

No entanto, como todo líder sabe, simplificar um problema complexo é profundamente difícil. É preciso determinação pessoal e ação decisiva diante da incerteza. É preciso ainda coragem, uma visão de longo prazo e resiliência porque a agenda de sustentabilidade está em constante evolução e muitas vezes é política, o que dificulta mais a análise tradicional e a tomada de decisões. E é preciso, enfim, flexibilidade e determinação para encontrar novas "maneiras de fazer" porque a transição de sustentabilidade requer novos talentos, recursos e capacidades difíceis de identificar e acessar.

As equipes do EY definiram cinco princípios inspirados pelo trabalho com os clientes que podem ajudar a simplificar a sustentabilidade. Não pretendem assumir caráter definitivo, e estamos sempre dando continuidade à conversa com os clientes sobre como esses princípios podem ser aprimorados, agregados e, é claro, simplificados. Vamos explorá-los de forma mais pormenorizada abaixo, mas aqui estão eles, em resumo:

1. Simplificar, sem ser simplista

2. Vá primeiro para onde importa mais

3. Defina sua narrativa e mantenha-se fiel a ela

4. Não recorra a suas ambições para construir expectativas, utilize suas ações para construir credibilidade

5. Integre de fato a sustentabilidade em cada processo, não trate-a como um projeto ou programa

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1. Simplificar, sem ser simplista

 

A transição de sustentabilidade é intrinsecamente complexa. As organizações precisam simplificá-la, mas não devem fingir que a complexidade não existe. Isso confundiria simplicidade com ignorância.

 

Antes de conseguir encontrar um caminho simples e passível de atuação, você precisa tomar consciência da complexidade total do assunto em questão. Somente então você poderá decidir o que é relevante e o que não é, o que de fato é uma prioridade e o que pode esperar.

 

Há muitos exemplos dessas complexidades subjacentes. Do ponto de vista da sustentabilidade, os governos de todo o mundo estão enfrentando as mudanças climáticas por meio de ações como o uso de medidas fiscais para reduzir as emissões e cumprir seus compromissos com a neutralidade de carbono, bem como para aumentar a receita e financiar objetivos políticos importantes.  Embora esses objetivos sejam compartilhados, as políticas estabelecidas para alcançá-los variam muito. O EY Green Tax Tracker identificou mais de 3.600 incentivos de sustentabilidade diferentes, 80 iniciativas de precificação de carbono e mais de 4.300 impostos ambientais com mais de 1.100 isenções. No entanto, se manter atualizado à medida que as políticas evoluem rapidamente pode ser um desafio, especialmente para empresas globais.

 

A mensuração de questões referentes a ESG também varia muito. Por exemplo, um cliente de private equity que pediu para a EY analisar o desempenho das 30 empresas em sua carteira acerca de diversidade. Descobrimos que todas as empresas estavam mensurando a diversidade, mas que nenhuma delas fazia isso da mesma maneira.

 

Os relatórios de sustentabilidade também não são consistentes em todo o mundo. Quando se trata de relatórios financeiros, pode-se argumentar que as empresas globais estão trabalhando com um conjunto de padrões internacionais e cerca de 30 principais indicadores de desempenho (KPIs). Os dados necessários para gerar estes KPIs são geralmente mantidos em um sistema computadorizado. Digamos que um conjunto de padrões, multiplicado por 30 KPIs, vezes um sistema, lhe confere um "fator de complexidade" de 30.

 

Contudo, os padrões de sustentabilidade em grande parte do mundo não são estabelecidos, e onde eles são estabelecidos (por exemplo, a Diretiva de Relatório de Sustentabilidade Corporativa na UE, a Lei de Emissões de Carbono do Reino Unido, as regras de relatórios de emissão de carbono da SEC) não estão alinhados. Isso significa que existem centenas de KPIs potencialmente relevantes. E os dados necessários são armazenados em até 20 sistemas em um horizonte bastante diversificado, que varia de medidores de energia até softwares de contabilidade. O fator de complexidade aqui é, de fato, assustador.

 

Os exemplos acima revelam como a agenda da sustentabilidade vem tratando da complexidade em apenas duas disciplinas empresariais – elaboração de relatórios e tributação – no entanto, a mesma situação ocorre em todas as disciplinas, desde tecnologia e talento até financeiro e cadeia de suprimentos.

 

Diante dessa complexidade potencialmente avassaladora, o objetivo é chegar ao cerne do que realmente importa. Você pode simplificar o desafio ou a oportunidade começando a criar uma visão abrangente e holística da situação, usando perspectivas profundas e diversas de toda a empresa. Não se estreite demais tão cedo. Para usar a expressão de Einstein, você pode torná-la "simples, mas não muito simples"? A partir daí, você pode escolher o que é mais importante.

2. Primeiro, ir para onde mais importa

O que realmente importa para suas partes interessadas? E quais são as diferenças entre elas? É importante compreender a nuance e a diversidade das necessidades de suas partes interessadas, especialmente quando se trata de materialidade. Conforme abordado acima, existem centenas de medidas de sustentabilidade concorrentes e sobrepostas. E, ao contrário dos KPIs financeiros, muitas vezes não são bem padronizadas ou compreendidas.

Você pode simplificar identificando, e depois concentrando-se, nas métricas que são mais relevantes para seu projeto, sua empresa e, de forma mais crítica, suas partes interessadas. Quais métricas eles valorizam e confiam? Quais olham para frente, não para trás, para que você possa melhorar o desempenho ao longo do tempo e demonstrar o valor futuro de suas ações de hoje? Uma gama de perspectivas - não apenas financeiras - lhe dará uma base de decisão mais estável.

Trabalhamos com o Conselho Empresarial Internacional do Fórum Econômico Mundial (WEF's IBC) e 120 outras empresas para identificar um conjunto universal de métricas que possam ajudar as empresas a demonstrar melhor suas contribuições para a criação de valor sustentável e de longo prazo. A lista de 21 métricas principais e 34 métricas expandidas foi lançada em setembro de 2020 no relatório Mensuração do Capitalismo dos Stakeholders: Rumo a Métricas Comuns e Relatórios Consistentes de Criação de Valor Sustentável. Isto fornece um ponto de partida para a elaboração de relatórios diante das medidas mais críticas de valor não financeiro.

Muitas empresas estão adotando as métricas WEF-IBC em seus principais relatórios anuais. E os investidores estão cada vez mais focados no vinculo entre sustentabilidade e estratégia corporativa.

Nos últimos meses, os padrões internacionais fizeram rápidos avanços em direção ao objetivo de criar uma estrutura de relatórios de sustentabilidade mais robusta, com base em padrões globais. Esse movimento chegou ao ápice em novembro de 2021, justamente quando começava a conferência sobre mudança climática COP26, com o lançamento do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade.

Há um amplo consenso de que deve ser adotada uma abordagem de "elementos de base" para que novos padrões forneçam uma linha fundamental consistente e comparável de relatórios de sustentabilidade em todo o mundo, ao mesmo tempo em que proporcionam flexibilidade para a coordenação sobre requisitos adicionais de relatórios jurisdicionais e de múltiplos participantes. Novas normas entrarão em vigor mais cedo do que muitas pessoas pensam, e por isso os executivos da empresa e os membros do comitê de auditoria precisam agir agora.

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3. Decida sua narrativa e mantenha-se fiel a ela

A agenda da sustentabilidade está evoluindo com rapidez. O mundo quer saber onde você está hoje, para onde está indo e como planeja chegar lá.

Uma narrativa que orienta a ação a longo prazo é crítica. Sem uma narrativa dessa natureza, os esforços de mudança podem ser desviados do curso ou até mesmo perder o ímpeto. Isto não leva apenas a um desperdício de esforço e recursos; pode criar uma confusão desmotivante de projetos inacabados e promessas não cumpridas, o que por sua vez corrói a confiança - tanto dentro da organização como fora dela.

Simplifique contando uma história clara, consistente e com credibilidade sobre o que você defende e para onde você vai. Use dados e exemplos para evidenciar sua narrativa, mas não deixe que detalhes complexos se interponham no caminho de suas mensagens centrais.

Mostre onde, como e quando você está colocando em ação sua linguagem que desperta aspirações e suas boas intenções. Decida quais são as partes interessadas que importam, e obtenha as certas, comunicando sua história de uma forma que construa confiança.

Compreender a confiança é fácil, desenvolvê-la é mais difícil, especialmente quando a neutralidade climática pode estar a anos de distância, de modo que o impacto de suas ações pode não ser visto no curto prazo.

Com um aceno de cabeça afirmativo para David Maister e sua equação de confiança, a confiabilidade exige que você seja capaz de provar que pode fazer o que diz que fará, realizando ações específicas, mesmo que nem todas as suas ações deem frutos imediatamente. Essa iniciativa exige que você seja aberto e transparente sobre o que funciona e o que não funciona. E isso exige que você demonstre o valor a longo prazo de suas ações além das medidas financeiras. Em resumo, a confiabilidade está fundamentada em ações, portanto, as empresas devem começar a tomar as medidas que podem agora.

 

 

Confiança = credibilidade + confiabilidade + autenticidade + foco no valor a longo prazo 

 

 

4. Não recorra a suas ambições para construir expectativas; use suas ações para construir credibilidade

Quando a sustentabilidade é um negócio que pertence a todos, as exigências em cada negócio crescem, assim como as expectativas. Investidores, consumidores, fornecedores, reguladores, ativistas - todos querem saber quais são suas intenções e como você as está transformando em um impacto mensurável e significativo.

Os desafios de sustentabilidade são intrinsecamente difíceis e, como isso se trata de um terreno novo, não há respostas "prontas para uso". Essa combinação entre urgência e complexidade pode levar a uma incerteza paralisante. Sempre haverá coisas que você não sabe, e coisas que você não sabe que não sabe, porque a agenda está avançando com grande rapidez.

Os gerentes anseiam por segurança de planejamento - isso pode fazê-los se sentirem mais seguros e no controle. Mas se você esperar por total clareza, ou certeza suficiente para criar um plano abrangente, ele nunca ficará pronto. Você pode simplificar isso, dividindo o desafio em etapas exequíveis dentro de uma estrutura clara.

Temos ajudado as lideranças a descarbonizar suas organizações por meio de um conjunto de perguntas que chamamos de 8As. As seis primeiras - Como devem ser trabalhadas em sequência. Se você as percorre no sentido horário, cada uma delas é maior do que a anterior: suas ações são maiores do que suas ambições, suas realizações excedem suas ações, o escopo de sua asseguração vai além de suas realizações, e assim por diante. Ao adotar esta abordagem, você ganhará credibilidade, já que entregará mais do que prometeu. Mas se você se movimentar em torno do círculo no sentido anti-horário, estará em uma espiral de entrega abaixo do normal, correndo o risco de ser acusado da prática de greenwashing ("verdejar" resultados sociais e ambientais).

As duas últimas - Como destacar a necessidade de "fazer da sustentabilidade de fato sustentável", e não tratá-la como mais um projeto. "A Âncora" trata de garantir que o processo seja estável e contínuo. "Automatizar" tem a ver com a condução de eficiências em termos de custos e talento. 

O ciclo de credibilidade

5. "Embutir" a sustentabilidade em cada processo, não tratá-la como mais um projeto ou programa

Pensar e agir a partir de uma perspectiva de sustentabilidade precisa fazer parte dos processos comerciais normais de sua organização, mas os dois podem facilmente ficar separados. Uma abordagem compartimentalizada ("em silos") é ineficiente, pois dificulta atingir objetivos estratégicos e aumenta o risco de que sua organização não esteja em conformidade com as normas.

A sustentabilidade não pode se transformar em uma atividade separada, um projeto único ou uma "mentalidade diferente" aplicada quando parece relevante - o ponto da transição para um tipo de mundo diferente reside no fato de que a sustentabilidade é sempre relevante.

Entretanto, embora seja fácil dizer que a organização está comprometida em incorporar a sustentabilidade, não é tão fácil colocar isso em prática. Como já dissemos, há múltiplos interessados envolvidos - dentro e fora da organização - com diferentes objetivos, preocupações e horizontes temporais. Algumas das ações necessárias podem ser abordadas como um "sprint", enquanto outras representam uma verdadeira maratona de esforços. A estratégia é crítica, mas é a execução que conta.

Você pode abordar a complexidade e a urgência da tarefa em mãos, entendendo que a sustentabilidade está no âmago de seu modelo operacional - e agindo de acordo com essa premissa. Comece com suas decisões comerciais mais importantes; a partir daí, incorpore-o em todos os elementos críticos de suas operações, desde os processos até a governança.

Por onde começar? Se 80% de suas emissões de carbono de Escopo 3 vêm de seus fornecedores, Compras (Procurement) deve ser uma prioridade máxima. Se você estiver operando com ativos de longo prazo com uso intensivo de energia, os investimentos devem ser prioridade.

Quando você traz a questão de sustentabilidade para o âmago de seu modelo operacional, fica mais fácil traduzir sua estratégia em KPIs tangíveis e realizáveis; definir atribuições e responsabilidades claras; projetar processos que atinjam seus objetivos; e "viver sua estratégia", criando um projeto de transformação direcionado.

Coloque a sustentabilidade no âmago do seu modelo operacional
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Sumário

Sua organização pode fazer a sua parte para proporcionar mudanças significativas e realizadas com rapidez, mantendo-a o mais simples possível, movimentando primeiro o que for mais importante, desenvolvendo sua narrativa, empregando suas ações para construir confiança e incorporando a sua resposta à sustentabilidade ao modelo operacional da organização.

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