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Combatendo fraudes financeiras: um framework robusto para instituições brasileiras


Por Natalia Grigolin, Sócia de Prevenção à Crimes Financeiros; Priscila Engiel, Gerente Sênior de Tecnologia; Rafael Pontes, Gerente Sênior Especialista em Prevenção a Crimes Financeiros; Tom Wallbank, Senior Manager de Crimes Financeiros e Forense; Ted Rugman, Diretor de Crimes Financeiros e Forense; e Tom Salmond, Sócio de Crimes Financeiros e Forense, EY Brasil e Reino Unido


As fraudes no sistema financeiro brasileiro atingiram níveis inéditos de sofisticação, aproveitando inovações tecnológicas e vulnerabilidades humanas. Para enfrentar esse desafio crescente, uma abordagem proativa e integrada à prevenção de fraudes é essencial.

Com perdas estimadas em R$ 71,4 bilhões no Brasil, implementar frameworks abrangentes para proteger instituições e clientes tornou-se mais crítico do que nunca.

Entendendo o cenário de fraudes no Brasil

De acordo com o Relatório de Identidade Digital e Fraude de 2024 da Serasa Experian, 71% dos brasileiros demonstram preocupação com fraudes online, roubo de identidade e segurança digital. O grande volume de armadilhas online também inibe os consumidores de obterem benefícios. Segundo a pesquisa Future Consumer Index realizada em abril de 2024, mais de 60% dos consumidores brasileiros não tem interesse em compartilhar dados em troca de promoções personalizadas, recomendações de produtos e outras vantagens.

A conscientização crescente sobre o assunto está pressionando as instituições financeiras a adotarem estratégias avançadas e se alinharem a mudanças regulatórias, como a Resolução 6 do Banco Central do Brasil.

Essa regulamentação inovadora exige o compartilhamento de informações sobre fraudes entre instituições em até 24 horas, aumentando a rapidez e a eficácia das respostas. Ferramentas de apoio, como o Mecanismo de Devolução do Pix (MED), já recuperaram bilhões de reais desde sua implementação, demonstrando o sucesso de sistemas modernos de detecção de fraudes.

Construindo um framework antifraude eficaz

Para lidar com a natureza em constante evolução das fraudes, as instituições financeiras (IFs) devem adotar frameworks abrangentes baseados em quatro pilares principais:

  1. Governança e supervisão:
    Uma governança eficaz envolve definir claramente papéis e responsabilidades, garantir a responsabilidade da alta gestão e implementar Indicadores-Chave de Desempenho (KPIs) robustos para riscos de fraude. Auditorias independentes e órgãos de supervisão são essenciais para avaliar e refinar as medidas de controle de fraudes.
  2. Avaliação e gestão de riscos:
    Avaliações regulares de risco de fraude permitem que as IFs compreendam suas vulnerabilidades e priorizem recursos de forma eficaz. Isso inclui identificar tipologias de fraudes, compreender o comportamento do cliente e implementar estratégias de prevenção personalizadas.
  3. Educação e conscientização dos clientes:
    Os clientes são cada vez mais alvo de ataques de engenharia social. As instituições devem priorizar a educação de seus clientes sobre como identificar tentativas de fraude, criar sistemas de alertas personalizados e fomentar a conscientização por meio de iniciativas do setor.

Desafios e oportunidades futuras

À medida que as fraudes se tornam mais sofisticadas, manter a qualidade consistente das estratégias de prevenção representa um desafio. Muitos frameworks ainda dependem fortemente de sistemas legados, destacando a necessidade de modernização e integração.

A inteligência artificial está sendo cada vez mais usada para proteger as empresas das ameaças cibernéticas. Segundo o 2024 Global Cybersecurity Leadership Insights, as empresas que utilizam da tecnologia têm precisão média superior a 90% na detecção de spam, malware e invasões de rede. Essa capacidade da IA é decorrente principalmente da aprendizagem profunda que permite a essa tecnologia analisar volume maior de dados e mais heterogêneo em tempo real.

Um desafio notável envolve as "contas laranja," utilizadas para facilitar lavagem de dinheiro e fraudes. Segundo o Banco Central, 1 em cada 10 mil transações via Pix é considerada crime. Os crimes envolvendo Pix também aumentaram 30 vezes só no primeiro semestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

No Brasil, 59% dos casos de fraudes estão relacionados a essas contas. Fortalecer os controles de prevenção à lavagem de dinheiro (AML) durante o processo de abertura de contas e garantir monitoramento contínuo são passos essenciais para evitar as fraudes.

Fraudes ocorrem em todos os tipos de instituições financeiras, de pequeno, médio e grande porte. Verificamos que as instituições de menor porte acabam sendo porta de entrada de muito fraudadores por não investirem nas tecnologias e processos adequados, contas laranjas acabam sendo criadas nesse tipo de instituições para recepcionar dinheiro de golpes

Na EY, ajudamos instituições financeiras a diagnosticar seus frameworks antifraude, identificando lacunas críticas e implementando práticas de mercado líderes. Ao abordar essas vulnerabilidades, as instituições podem criar sistemas resilientes que protegem contra ameaças futuras e reforçam a confiança dos clientes.

Conclusão

Em uma era em que as táticas de fraude evoluem rapidamente, as instituições financeiras brasileiras precisam agir com determinação. Ao se alinhar a avanços regulatórios, aproveitar a tecnologia e enfatizar a educação dos clientes, o setor pode criar um ambiente financeiro mais seguro. Com a expertise de marcas e profissionais habilitados no setor, as instituições financeiras podem moldar o futuro com confiança e mitigar os riscos representados pelas fraudes financeiras.

Para mais insights, visite a página de Serviços Financeiros da EY.


Resumo 

As fraudes financeiras no Brasil estão cada vez mais sofisticadas, exigindo uma abordagem integrada e proativa para prevenção. Com perdas estimadas em R$ 71,4 bilhões, instituições financeiras enfrentam desafios como contas laranja e ataques de engenharia social, tornando essencial a adoção de frameworks antifraude robustos. Ferramentas como o Mecanismo de Devolução do Pix (MED) e a Resolução 6 do Banco Central, que exige o compartilhamento rápido de informações, têm mostrado eficácia no combate às fraudes. A EY apoia instituições financeiras no diagnóstico e aprimoramento de seus frameworks, combinando governança, tecnologia avançada e conscientização dos clientes para mitigar riscos e garantir um ambiente financeiro mais seguro.

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