O setor de serviços financeiros encontra-se em profunda transformação, preparando-se para uma era cada vez mais digital.
Por Rafael Trabasso, Gerente Sênior de Business Consulting para Serviços Financeiros
Desde 2021 temos vivenciado fatores aceleradores de transformação pavimentados no Open Finance, processo derivado da evolução do Open Banking, sistema financeiro aberto que possibilita o compartilhamento de dados do cliente (com o seu devido consentimento) entre instituições participantes por meio de APIs (Application Programming Interface) conforme iniciativa do Banco Central do Brasil.
Hoje, já em um estágio mais maduro, o Open Finance engloba o compartilhamento de dados de seguros, previdência, credenciamento em arranjos de pagamentos, câmbio e investimentos. O Open Finance expande o ecossistema de serviços financeiros na medida em que gera a possibilidade de integração entre diversos agentes da cadeia, principalmente sob a ótica de centralidade no cliente. Neste contexto surgem alavancas que podem fomentar propostas de valor inovadoras e que endereçam as necessidades e as expectativas de um mercado consumidor cada vez mais imerso no mundo digital.
Clientes cada vez mais digitais esperam uma experiência excepcional, com qualidade, agilidade e segurança. A pesquisa NextWave Consumer Survey 2021 realizada pela EY mostra que 82% dos respondentes entendem que uma experiência integrada, fluída e isenta de dificuldades é muito importante. Assim, o desenvolvimento de uma solução que concilie em uma única plataforma produtos e serviços adequados às necessidades do mercado consumidor passa a ser condição para a competitividade.
A pesquisa mostra que as demandas e os desejos dos consumidores variam de acordo com o contexto e o momento de vida em que estão inseridos. Fatores como idade e renda têm influência direta sobre as suas aspirações. Por exemplo, um indivíduo jovem prestes a entrar na faculdade possui necessidades diferentes de um indivíduo mais velho, que planeja construir uma família. Tais fatores refletem não somente nos serviços e nos produtos que os clientes necessitam e buscam, mas também nas experiências que desejam quando assumem o papel de consumidores. Como revela a pesquisa, 91% dos jovens buscam meios de financiar a sua educação, ao passo que 83% dos indivíduos que estão planejando ter o seu primeiro filho procuram produtos de poupança.
O momento de vida do consumidor se reflete não só nas suas necessidades e expectativas mas também no tempo de duração da relação que estabelecem com a instituição financeira. 82% das pessoas com idade entre 18 e 35 anos possuem no máximo cinco anos de relação financeira com a sua principal instituição, sendo que, destes, 40% possuem no máximo dois anos de relação. Já 67% das pessoas acima de 45 anos mantêm dez anos ou mais de relação com a sua principal instituição financeira.
Além do fator idade, a pesquisa nos mostra que a renda também influencia no tempo de relacionamento com a Instituição financeira, sendo que 74% dos clientes de baixa renda mantêm no máximo cinco anos de relação com a sua principal instituição financeira, e 45% encerram o relacionamento em até dois anos. Já para pessoas de renda elevada, 42% possuem dez anos ou mais de relação com a sua principal instituição financeira.
Outro fator que fica evidente é a relação entre confiança e as características da instituição. Conforme figura abaixo, a confiança na marca, seja uma instituição tradicional ou um neobank, (empresas com foco em tecnologia que prestam serviços financeiros) está fortemente relacionada a fatores que indicam a imagem positiva da marca, como a não existência de vazamento de dados ou de notícias negativas na mídia. Já as razões para o consumidor confiar em sua principal instituição financeira são atribuídas às interações pessoais visando proteção e assessoria para o alcance dos objetivos financeiros. Por outro lado, para os novos entrantes tecnológicos os fatores de confiança que se destacam estão relacionados à oferta de produtos e serviços inovadores e de fácil acesso ao mercado consumidor.