Uma jornada complexa
A jornada dos consumidores passa por diversos canais de relacionamento – e exige que os negócios estejam preparados para realizar uma comunicação integrada e solucionar dúvidas pelos mais diversos meios. Para buscar ideias e inspirações de presentes, os brasileiros mais utilizam as redes sociais (37%), seguidas pelas mídias das marcas (29%) e comunicações das marcas e do varejo (24%).
Já no momento de saber mais sobre produtos específicos, a escolha recai sobre os sites e aplicativos dos varejistas, tanto 100% online quanto multicanais (ambos com 31%). Esses são os mesmos canais preferidos para identificar ofertas e promoções (34% usam sites de varejistas online e 31%, de players omnichannel).
As lojas físicas aparecem com destaque no momento de experimentar produtos, sendo o meio preferido por 44% dos consumidores – nenhum outro canal supera os 10%. “Essa diversificação de canais ao longo da jornada abre a possibilidade de microações das marcas durante toda a temporada de fim de ano, seja aproveitando características regionais, seja utilizando diferentes recursos, como campanhas com influenciadores”, comenta Willian Valiante, sócio de Consulting para Varejo na América Latina.
Para o especialista, marcas da indústria e do varejo que navegarem bem nesse ambiente complexo podem criar uma janela relevante de conversão, especialmente em produtos que possuem um ciclo de compras longo, como é o caso de eletrônicos e eletrodomésticos de linha branca.
“Toda a preparação da cadeia de suprimentos e do sell-in do varejo precisa ser muito bem planejada, mas o segredo é identificar o cliente e ativá-lo nos canais corretos. Achar que o cliente é monocanal ou subestimar o papel do digital na jornada de compras são erros enormes. Quem estiver preparado para engajar o consumidor terá melhores resultados”, afirma.
Esse ciclo de “engajamento-ativação-conversão” se dá tanto dentro de subperíodos promocionais, como a Black Friday ou a temporada de Natal, como dentro do período mais amplo de festas de fim de ano. “Conhecer o consumidor e conseguir identificá-lo também é importante para converter no Natal quem foi contatado e não converteu na Black Friday – e o mesmo vale para as promoções de janeiro”, pondera Cristiane Amaral, sócia-líder de Consumer & Health para América Latina.
No mercado brasileiro, diversas marcas trabalham o período de fim de ano como um todo, em vez de concentrar esforços apenas na Black Friday ou no Natal. “Nossa alta temporada acontece entre outubro e janeiro. A Black Friday é importante, o varejo fica aquecido e a data está no calendário dos clientes, mas as liquidações de janeiro também são muito fortes, com a mudança do portfólio”, explica Marcelo Pinto, CEO da fabricante de eletrodomésticos Esmaltec.
No caso da empresa, que tem como foco as classes CDE e trabalha com produtos de ciclo de vida longo, o início da Black Friday é uma oportunidade de apresentar as novidades do catálogo e o mês de janeiro funciona como as liquidações do varejo.
E a jornada acontece em múltiplos canais, mesmo para clientes com renda mais restrita. “Temos site e aplicativo de Realidade Aumentada para auxiliar o consumidor, mas nada supera a questão de tocar o produto, de ir à loja para sentir a robustez do eletrodoméstico”, comenta o executivo. “Por isso, precisamos ter o maior floor share possível, para que o consumidor tome sua decisão na loja física, depois de ter balizado seu preço na internet”.