A agenda do wellbeing (bem-estar) na experiência do colaborador
Salas de descompressão, gincanas com brindes, festas caras no final do ano, rodadas de pizza no escritório para quem trabalha até mais tarde, vouchers de aplicativos de transporte para quem vai aos happy hours da empresa. Isoladamente, nada disso é realmente relevante na agenda do wellbeing (bem estar). Portanto, nada disso é tão importante assim na experiência do colaborador. Em primeiro lugar, felicidade e bem-estar devem estar conectados com as condições de performance e produtividade oferecidas a cada profissional.
Antes de tudo, é preciso entender se cada um está confortável em relação aos objetivos da empresa e à sua capacidade de execução, identificar o que pode estar atrapalhando, destravar gargalos e permitir que todos consigam fazer o seu melhor.
Encontrar um bom balanço entre as demandas e garantir uma boa qualidade de vida está na lista de demandas básicas da maioria das pessoas. Segundo o estudo da EY, hoje, 83% dos empregadores acreditam que seus funcionários têm uma carga de trabalho balanceada. Entretanto, 74% dos funcionários têm a mesma percepção sobre o seu volume de trabalho, denotando disparidade de percepções.
Os benefícios que realmente importam
Na pesquisa, também salta aos olhos que 30% dos empregadores e 39% dos empregados ouvidos pelo nosso estudo afirmam que o investimento em saúde mental é a iniciativa de wellbeing mais importante de suas empresas. Respectivamente, o bem-estar financeiro e o bem-estar físico também aparecem na sequência das prioridades para ambos os grupos.
Em relação ao bem-estar financeiro, o estudo da EY também traz bons insights. Quando perguntados sobre qual nível de alteração em recompensas e benefícios deveria ser aplicado em suas empresas, dado o mix entre as pressões do negócio e os talentos envolvidos, 38% dos empregadores responderam que as mudanças precisam ser grandes.
Entre empregados, 33% responderam a mesma coisa, ou seja, um pouco menos - 55% deles acreditam que uma mudança moderada seria suficiente. Mas, quais seriam essas mudanças?
Para os empregadores, os principais pontos considerados seriam oferecer opções de escolha no plano de benefícios da empresa (39%), atualização de planos de saúde com mais proteção em caso de novas pandemias (32%), propiciar mais opções de escolha para os funcionários trabalharem full-time, part-time ou sob contratos específicos (28%).
Já entre os empregados, ocorre quase um empate sobre o primeiro ponto (38%), mas o segundo item é a melhoria das condições e ferramentas tecnológicas (33%), e a atualização de planos de saúde vem em terceiro lugar, com 30% das respostas.
Desafios e oportunidades: como melhorar a experiência do colaborador
Entre as principais queixas para a insatisfação com o trabalho estão a falta de sintonia com a vida e os gostos pessoais, má remuneração e benefícios pouco atrativos, falta de flexibilidade em temas como os modelos de trabalho presencial, híbrido e remoto, baixo horizonte de crescimento, falta de alinhamento e clareza sobre os rumos da empresa, sentimento de desconexão entre seu papel atual e as necessidades e objetivos do negócio; expectativas irreais de desempenho e produtividade e falta de abertura e confiança nos líderes.
Somente uma parte desses problemas podem ser resolvidos com endomarketing, brindes, uma salinha com sofá & videogame para desopilar, entre outros pequenos mimos para quem trabalha até mais tarde. Essas ações podem ser benéficas, mas somente se estiverem ligadas a uma noção maior de bem-estar que tenha real impacto na experiência do consumidor.
O resto é pura gestão e passa por ouvir e entender os sintomas da desmotivação e do desengajamento. Lideranças de todos os níveis precisam se comunicar bem, alinhar expectativas, esclarecer dúvidas e abrir espaço para que cada colaborador possa performar melhor.
Aprimorar a experiência do colaborador não passa somente por garantir atualizações tecnológicas e ferramentas adequadas de trabalho, mas também de processos, organização, gargalos e demandas. Não há uma fórmula única ou mágica para todas as empresas.
De todas as habilidades técnicas e comportamentais em voga, quais são realmente necessárias e devem ser priorizadas para cada indivíduo, cada time, cada meta anual, por exemplo? Como apoiar o colaborador na sua capacitação pessoal e profissional em busca de uma maior produtividade e do atingimento dos resultados esperados?
Como desonerar agendas extremamente ocupadas, reduzindo backlogs e focando nos compromissos e entregas que realmente importam, com prazos plausíveis de realização? Como trazer as pessoas para a tomada de decisão sem criar uma verdadeira bagunça em suas prioridades e metas? Quantos casos de burnout poderiam ser evitados todos os anos por essas ações efetivas em resposta a essas dores, sem recorrer a meras cosméticas?
Em conclusão, cada gestor, não somente em RH, precisa se fazer as perguntas acima e tentar respondê-las com sinceridade, inclusive assumindo quando ele não tem todas as respostas, e buscando entendimento transparente entre líderes e liderados para chegar a uma equação que faça sentido. Só assim será possível melhorar a experiência do colaborador na prática, notando uma felicidade verdadeira e um engajamento genuíno com o propósito da empresa, aumentando significativamente as chances de elevar a performance, bater metas e reduzir o turnover das empresas.
Resumo
O artigo explora as profundas mudanças no ambiente de trabalho impulsionadas pela pandemia, destacando a transição para modelos de trabalho mais flexíveis e a adoção crescente de tecnologias como a IA Generativa. Discute-se a importância de alinhar o bem-estar dos colaboradores com as metas de produtividade para melhorar a retenção e os resultados. Além disso, aborda-se o papel crucial das lideranças na mediação entre as expectativas dos colaboradores e as necessidades da empresa, sugerindo que um equilíbrio bem administrado pode levar a melhorias significativas em engajamento e desempenho organizacional.