Quais seriam essas mudanças? Bem, a qualificação de equipes certamente está entre elas. Estatísticas apontam que embora 90% das organizações brasileiras apostem que a IA representará redução de custos e economia de tempo em seus negócios, 38% delas afirmam que a falta de formação dos profissionais é a maior barreira de adoção.
Enquanto a regulação da IA caminha a passos lentos no país, questões éticas, políticas, filosóficas, de privacidade de dados e segurança da informação também estão entre as principais preocupações das empresas. O risco de fraudes, falsificações e fake news é grande e deve envolver os setores público e privado, ameaçando toda a sociedade. Tudo isso ocorre conforme as próprias organizações começam a rascunhar procedimentos confiáveis para lidar com esse cenário, como comitês de compliance aplicados à IA, novas auditorias e mecanismos de prestação de contas, entre outros.
Já entre os profissionais, há um temor bastante comum sobre o desaparecimento em massa de empregos e profissões, o que também gera uma maior demanda por qualificação e upskilling. Entretanto, novas funções e profissões devem surgir. A utilização da IA deve atravessar a maioria das áreas de atuação, como já aconteceu com na linha do tempo dos computadores e da internet. Só que agora, o ritmo da transformação é muito mais rápido. Esforços de capacitação devem ser cada vez maiores, tanto por empregados quanto por empregadores.
IA Generativa e Upskilling: quais as melhores estratégias para adoção e desenvolvimento profissional
Historicamente, a curva de adoção tecnológica é muito mais rápida do que a capacidade das empresas de entender se aquilo realmente faz sentido e quais as melhores aplicações para cada caso. A tecnologia é capaz de encurtar caminhos e resolver muitas coisas de modo mais ágil e simples do que nós, principalmente em tarefas mecânicas.
E ainda há muita evolução pela frente, com potencial de chegar a patamares muito altos de sofisticação. Contudo, o Chat GPT não é à prova de falhas, como nenhuma tecnologia é. A pressa e a euforia de utilização não podem se sobrepor a uma capacidade humana muito importante: a de filtrar, checar, comparar e julgar informações antes de replicá-las indiscriminadamente ou tomar decisões sem uma análise mais profunda.
Desse modo, quais serão os novos conhecimentos que ainda precisamos desenvolver para navegar nesse novo mundo? A verdade é que não sabemos 100%, mas já podemos aferir que os skills que mais merecem os maiores recursos de tempo, atenção e dinheiro são, algumas vezes, complexos e até intangíveis. Eles estão ligados a vivências diversas, repertório, experiência na solução de problemas que nem sempre se repetem, pensamento crítico, amplitude de raciocínio, capacidade de ligar os pontos entre diferentes áreas do saber e departamentos da empresa, sempre construindo pontes e trazendo novos insights em colaboração com outros humanos e com as máquinas.
Pensamento complexo e sistêmico: ou o que perguntar a um gênio da ciência - e à IA Generativa.
Que tipo de pergunta você faria se pudesse encontrar um grande gênio como Albert Einstein por alguns minutos? Você desperdiçaria o seu tempo perguntando amenidades sobre a previsão do tempo para hoje? Uma pessoa com o devido conhecimento científico e capacidade analítica afiada certamente aproveitaria para fazer novas perguntas em cima do conhecimento já existente, partindo de um ponto mais avançado que o senso comum e buscando novas descobertas. O maior valor está no comando, nas perguntas que somos capazes de fazer.
Isso é inovação: não a reinvenção da roda, mas a capacidade de fazer novas perguntas, analisar respostas por pontos de vista diferentes e conectar conhecimentos para avançar e chegar a novas respostas. É desafiar vieses pré-estabelecidos, sempre buscando consensos éticos para mitigar riscos e garantir que a sociedade tire o máximo proveito das descobertas vindouras. Se a IA será mesmo mais inteligente do que toda a inteligência da humanidade em pouco tempo, devemos refinar características inatas "de carne e osso" para aproveitar o melhor dela.
Resumo
A inteligência artificial generativa está revolucionando o futuro do trabalho e o desenvolvimento de habilidades (upskilling). Estudos indicam um aumento significativo no PIB global e na produtividade das empresas com a adoção da IA. No Brasil, a confiança na IA é alta e os investimentos empresariais estão em crescimento. No entanto, a falta de qualificação é uma barreira significativa. De acordo com o estudo Trabalho Reimaginado 2023 da EY, 48% dos empregadores acreditam que suas empresas precisam passar por mudanças abrangentes para adotar tecnologias líderes. Questões éticas, políticas e de segurança também são preocupações importantes. A adoção tecnológica rápida exige que empresas e profissionais desenvolvam habilidades complexas e intangíveis, como pensamento crítico e capacidade de ligação de conhecimentos. A inovação, portanto, depende de fazer novas perguntas e desafiar vieses, maximizando o potencial da IA.