Estamos vivendo um momento de inflexão na economia global. A adoção global do 5G e outras tecnologias digitais em vários segmentos da economia se alia ao papel cada vez mais relevante da sustentabilidade nas decisões de investimentos. Essa combinação abre oportunidades para que as empresas obtenham ganhos de produtividade e eficiência, gerando mais valor nesse processo.
No Brasil, particularmente, a 4ª edição do estudo Reimagining Industry Futures, desenvolvido pela EY com foco na tecnologia 5G e Internet das Coisas, mostra que os gestores já estão se movimentando a respeito do tema: 39% dos executivos entrevistados no País planejam investir em 5G no próximo ano e 49% o pretendem fazer em dois ou três anos. Além disso, 3 em cada 4 entrevistados reconhecem que as empresas precisarão ter um olhar estratégico na implementação e uso da nova geração da tecnologia de comunicação.
O grande desafio é fazer com que a expectativa quanto ao potencial da tecnologia 5G se traduza na geração de valor no longo prazo, contribuindo para colocar a sustentabilidade como um princípio orientador que define as relações das empresas com seus stakeholders. Os primeiros passos têm sido muito positivos: a implementação da tecnologia está mais acelerada do que o esperado.
O cronograma de implementação do 5G começou em julho de 2022, com o compromisso de instalação da tecnologia em todas as cidades acima de 500 mil habitantes até 2025. Atualmente, o 5G está disponível em 149 cidades brasileiras que respondem por 43% da população brasileira – com pelo menos uma antena para cada 100 mil habitantes, sendo que o cronograma obrigaria apenas a presença nas capitais. Até agora, há 10,1 milhões de dispositivos conectados ao 5G (100% deles são telefones celulares), um número que demorou pouco mais de dois anos para ser alcançado na tecnologia 4G.
A implementação do 5G tem sido mais veloz que o projetado pela capacidade que a tecnologia tem de ser utilizada em negócios B2B. A demanda por conexões mais velozes faz com que os usuários troquem seus smartphones por novos equipamentos, habilitados ao 5G – mas a velocidade é apenas um dos atributos da tecnologia.
Para o mercado B2B, a possibilidade de desenvolver aplicações com baixa latência viabiliza o monitoramento de processos, indústrias e negócios em tempo real, acelerando sua adoção. Um avanço mais rápido no uso da tecnologia depende da monetização do 5G, abrindo a possibilidade de novos modelos de negócios para as operadoras. Cidades inteligentes, telemedicina, carros autônomos, monitoramento do agronegócio e controle de insumos e equipamentos nas cadeias de suprimentos são exemplos de aplicações que passarão a fazer parte do dia a dia dos negócios, gerando ganhos de eficiência, reduzindo custos e, ao mesmo tempo, trazendo um impacto ambiental positivo.
A característica de fatiamento de rede trazida pelo 5G, que privilegia aplicações de missão crítica no tráfego de dados, é um fator que, seguramente, abrirá possibilidades para novos modelos de negócios para o setor de telecomunicações – cujas receitas hoje são bastante dependentes da venda de pacotes de dados. Identificar quais serão esses novos modelos de negócios é tão difícil quanto seria, há 10 anos, imaginar apps de mobilidade ou transações financeiras instantâneas – aplicações viabilizadas pelo 4G.
Por conta disso, é justo dizer que estamos apenas arranhando a superfície de extração de valor real dessa tecnologia. O verdadeiro salto do 5G virá, de fato, quando as empresas conseguirem evoluir suas abordagens de monetização da nova infraestrutura. Só assim será possível obter o grande retorno de CAPEX.