Buscando nutrir as discussões sobre o futuro do Open Finance no Brasil, procuramos avaliar possíveis cenários do nível de adesão do projeto no país. Tal avaliação se mostra ainda mais relevante com a marca alcançada de 1 milhão de consentimentos de clientes de bancos do Open Banking brasileiro após os seus primeiros quatro meses de funcionamento.
Ressaltamos que estas são avaliações iniciais e que possuem como objetivo fomentar as discussões do que pode significar um Open Finance bem estabelecido para o Brasil. Além disso, por considerar o cenário internacional, teremos certas limitações nas comparações, visto que o projeto de Open Finance no Brasil possui um escopo diferente quando comparado a Austrália e Reino Unido, trazendo consigo a iniciação de pagamentos utilizando diferentes meios, encaminhamento de propostas de crédito, seguros e previdência, investimentos e câmbio consideradas nas fases 3 e 4.
Com base na pesquisa EY 2021 NextWave Global Consumer Banking, torna-se possível avaliar fatores como a relação de confiança do consumidor no sistema financeiro e o interesse dos consumidores para o Open Finance. Com base nestes fatores é notória a existência de um cenário mais positivo de adoção no Brasil quando comparado aos outros países, o que reforça que o Open Finance pode refletir grandes oportunidades no país.
Contudo, ainda que com um cenário mais positivo para o Brasil, tanto na Austrália como no Reino Unido observamos uma baixa adesão inicial dos consumidores, demonstrando ser uma jornada cautelosa e longa. Quando comparamos o início das operações abertas ao público entre os países, observa-se um cenário bem mais otimista no Reino Unido do que nos dados divulgados pela empresa Frollo na Austrália. Enquanto na Austrália foram necessários 12 meses acumulados para alcançar a marca de 10 milhões de chamadas de APIs, no Reino Unido este resultado foi alcançado em apenas quatro meses.
Para o Brasil ainda é cedo para cravar qualquer informação, pois tivemos o início das operações abertas ao público apenas em meados de novembro de 2021. De toda forma, os primeiros resultados são extremamente satisfatórios, ultrapassando a marca de 70 milhões de chamadas de APIs em apenas um mês de operação aberta. Entretanto é necessário ter cautela, pois ainda é cedo para tirar qualquer conclusão. Alguns fatores, como testes pelas empresas ou adesão em massa de consumidores curiosos, podem distorcer este resultado.
Em relação aos momentos, acreditamos que o Brasil segue no momento 1 com os esforços centrados na adequação regulatória e na melhoria das soluções tecnológicas até meados de 2022. Constatamos recentemente o início do momento 2 de uma forma tímida, com o amadurecimento de novas soluções e serviços, seguindo até próximo do fim de 2022, quando finalizam-se as etapas de implementação e, finalmente, o Open Finance no Brasil terá a sua maturidade para iniciar o momento 3, com o desenvolvimento de soluções integradas a outros setores que aperfeiçoarão a oferta de serviços como um todo para os consumidores.
Por fim, podemos destacar que tais resultados reforçam que o Open Finance é uma longa jornada, mas tendo pela frente um caminho promissor de adesão no Brasil. Para a efetivação de tais cenários e do benefício das oportunidades apresentadas, os provedores de serviços financeiros deverão pensar em novos modelos de negócios e criar diferenciação para atender as preferências dos diversos tipos de consumidor.