Artigo - Reforma tributária: empresas que souberem recriar suas estratégias de precificação sairão na frente

07 mar 2025

Por Natália Sperati, sócia de Estratégia da EY-Parthenon para Bens de Consumo e Varejo, e Bruna Felizardo, sócia especialista em Tributos Indiretos da EY

A reforma tributária provocará mudanças relevantes no P&L ou demonstração de resultados das empresas, fazendo com que elas precisem repensar sua estratégia para garantir que não perderão competitividade ou lucratividade. A reforma fará com que as empresas precisem decidir entre repassar as mudanças financeiras de suas cadeias produtivas para o consumidor ou absorver esses impactos nas suas margens.

As companhias que souberem recriar suas estratégias de precificação poderão consolidar vantagens competitivas. Considerando o impacto em toda a cadeia de valor, desde custos de insumos até o preço final para os varejistas, nossos estudos preliminares estimam que o preço de lista poderá variar entre uma diminuição de 18% e um aumento de quase 7%. Esse valor mudará de acordo com o produto e a organização da cadeia produtiva da indústria, sendo necessária uma análise profunda para entender o impacto para cada empresa.

Para conseguir navegar nesse ambiente, as empresas precisarão compreender o impacto da reforma na sua cadeia produtiva, estimar as possibilidades de impacto para o consumidor final e, por fim, tomar decisões de negócio com base no comportamento de seus competidores em cada um dos canais e regiões atendidos.

Entre os principais desafios durante o período de adaptação à reforma tributária estão a revisão de práticas antigas e a integração de novas técnicas e tecnologias para se manterem competitivas. Nesse sentido, ferramentas como a automação e o uso de dados são essenciais para essas adaptações.

O setor de bens de consumo enfrentará a necessidade de maior colaboração entre elos da cadeia produtiva. Parceiros de negócios poderão dividir informações e criar sinergias, impulsionando a eficiência em todas as etapas, do fornecimento de matéria-prima à entrega final. Outro ponto relevante é a possibilidade de repensar investimentos. Empresas com margens melhores poderão direcionar recursos para inovação e expansão, fortalecendo o setor de bens de consumo em mercados locais e internacionais.

O momento, portanto, é de entendimento dos impactos da reforma tributária e da definição da agenda que será adotada ao longo dos próximos anos. Quanto antes as empresas agirem, maior será a possibilidade de se anteciparem aos seus concorrentes e de serem bem-sucedidas na transformação do momento de incerteza causado pela reforma tributária em oportunidade de ganhar mercado e melhorar sua margem.

*Esta é uma versão adaptada do artigo publicado inicialmente na Exame.

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