As emissões de carbono e a composição e diversidade da força de trabalho são os dois indicadores ESG mais reportados pelas instituições financeiras (IFs) brasileiras. Isso significa que há abundância de informações com muitas iniciativas divulgadas nessas frentes. Por outro lado, saúde financeira do consumidor; biodiversidade e uso da terra; e saúde e bem-estar do colaborador são os três indicadores menos reportados, com maior espaço, portanto, para que haja aumento da visibilidade dessas informações. Por fim, os indicadores propósito e engajamento da comunidade; treinamento, aprendizagem e desenvolvimento; e atração, retenção e rotatividade começam a ser divulgados de forma mais consistente pelas IFs.
Essas constatações fazem parte de pesquisa da EY que analisou 13 instituições financeiras brasileiras (bancos, cooperativas, seguradoras e gestoras de ativos), tendo por base os relatórios publicados no ano passado, com dados referentes às operações de 2021. O estudo foi feito por meio de metodologia própria da EY para análise de geração de valor de longo prazo, que identifica três tipos de alavancas: valor para a sociedade, valor para os colaboradores e valor para os consumidores. Foi considerado um conjunto de mais de 100 métricas compreendendo divulgações de sustentabilidade; temas materiais e influência sobre desempenho financeiro; riscos e oportunidades; e partes interessadas, como clientes, funcionários, comunidades e consumidores.
O estudo buscou entender o impacto da regulação nos indicadores mencionados, considerando o contexto de que, em 2021, os dados reportados pelas IFs não foram impactados pelas novas regulações do Banco Central, da Susep (Superintendência de Seguros Privados) e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que tratam dos temas social, ambiental e climático.
Modelo de Valor no Longo Prazo ou Long Term Value
“O capital e o talento passarão de organizações que apenas criam valor para seus acionistas para aquelas que criam valor no longo prazo, considerando um amplo grupo de partes interessadas, como consumidores, funcionários, fornecedores, governo, comunidades, investidores e acionistas”, diz Rafael Schur, sócio da EY e líder do segmento de Mercado de Serviços Financeiros para o Brasil. “As organizações que vincularem sua abordagem ao valor de longo prazo e a um propósito significativo estarão em melhor posição para se beneficiarem, demonstrando e medindo de forma efetiva o valor que criam. Por isso, para auxiliá-las nesse processo, desenvolvemos o modelo de Valor no Longo Prazo ou Long Term Value”, completa.
Essa metodologia foi criada com base em diversas agendas globais reunidas abaixo que buscam entender a contribuição das empresas em sustentabilidade como resposta aos anseios dos investidores por transparência.
1) Fórum Econômico Mundial (WEF), incluindo um conjunto de 21 métricas principais e 34 expandidas que foram publicadas no relatório “Measuring Stakeholder Capitalism: Towards Common Metrics and Consistent Reporting of Sustainable Value Creation”;
2) Coalizão para o Capitalismo Inclusivo (EPIC), um conjunto de métricas padronizado, material e comparável para a medição de atividades que criam valor de longo prazo e que afetam ampla gama de partes interessadas, incluindo clientes, funcionários e comunidades;
3) Sustainability Accounting Standard Board (SASB), cujos padrões permitem que as organizações forneçam divulgações de sustentabilidade baseadas no setor sobre riscos e oportunidades que afetam o valor da empresa.