Oque está claro é que o caminho para a evolução das aplicações de 5G passa necessariamente pela construção de ecossistemas de negócios. Nenhuma empresa, isoladamente, é capaz de deter todo o conhecimento e desenvolver as aplicações necessárias para a indústria. As inovações derivadas da comunicação 5G envolvem, necessariamente, uma combinação de empresas, capacidades e tecnologias.
O panorama atual da indústria reflete a necessidade imperativa de colaboração e co-criação para impulsionar o potencial total das tecnologias 5G e outras inovações emergentes. À medida que os limites da inovação são constantemente desafiados, fica evidente que nenhuma organização pode almejar a excelência isoladamente. O desenvolvimento de ecossistemas de negócios se apresenta como um meio não apenas de compartilhar conhecimento e recursos, mas também de criar sinergias entre diversos atores do mercado. A colaboração não é mais um luxo, mas uma condição essencial para navegar com sucesso pelo complexo e dinâmico cenário tecnológico atual.
Adotar os ecossistemas como uma alternativa para melhorar a performance, acelerar a inovação e impulsionar a transformação dos negócios é uma postura que aumenta a possibilidade de inserir a companhia em áreas ainda inexploradas, gerando novas avenidas de transformação e geração de valor.
Modelos baseados em inovação aberta, criados para resolver as dores da empresa a partir de parceiros externos, são exemplos que mostram como é possível atuar em conjunto com startups para atuar com agilidade e permitir uma adaptação rápida às transformações do mercado. Especialmente em áreas onde ainda não existem modelos prontos ou nos quais as corporações não possuem o conhecimento in house, acessar startups ou parceiros que estão muito mais avançadas em áreas específicas é um modelo que faz muito sentido para resolver problemas complexos.
Questões que ainda não contam com um “padrão vencedor”, como veículos autônomos, eletrificação das frotas de automóveis, Open AI e Internet das Coisas (IoT), dependem de um roadmap de inovação e transformação que permita descobrir as melhores soluções para os mais variados problemas de negócios. A visão plural, necessária para encontrar esses caminhos comuns, só é viável a partir dos ecossistemas.
Ninguém consegue ver tudo
O estudo Reimagining Industry Futures, realizado pela EY a partir de entrevistas com executivos de empresas de todo o mundo, mostra que o impulso para a inovação existe no topo das organizações e que o valor dos ecossistemas já está claro para o C-level das companhias. Segundo o estudo, 74% dos entrevistados brasileiros afirmaram que é necessário reimaginar o futuro de seus setores para extrair o máximo valor possível da tecnologia 5G e 82% dizem que suas organizações pretendem saber como tecnologias emergentes estão transformando empresas em diversos setores.
A crescente conscientização sobre a importância dos ecossistemas como motores de inovação é reforçada pelo estudo. A pesquisa destaca a clara compreensão por parte dos líderes empresariais de que o futuro está intrinsecamente ligado à colaboração e à construção conjunta de soluções. Os números indicam que a maioria dos entrevistados reconhece que o ecossistema é uma ferramenta estratégica essencial para explorar o potencial do 5G e outras tecnologias emergentes. A vontade de reimaginar os setores e alavancar as vantagens oferecidas pelas parcerias é evidente, e a busca por soluções conjuntas é uma tendência que deve moldar a próxima década.
Para obter esse conhecimento externo e estar sempre atentas a inovações que poderão ter um efeito disruptivo sobre seus negócios, as organizações entendem que a construção de ecossistemas é uma necessidade estratégica. De acordo com 77% dos entrevistados pela EY no mercado brasileiro, estratégias de ecossistemas vão se tornar uma alavanca de crescimento de sua organização nos próximos 5 anos.
A visão do futuro, porém, ainda não está materializada no presente – o que abre gaps e cria oportunidades para organizações que conseguirem se movimentar mais rapidamente. Dois terços dos entrevistados pela EY no mercado brasileiro afirmam que parcerias com muitos players são difíceis de executar na prática – o que limita a formação de ecossistemas que agreguem real valor ao negócio. Nesse cenário, o desenvolvimento de parcerias horizontais, com empresas do mesmo setor, vem sendo buscado por 51% das empresas.
Entretanto, quando analisamos a adoção de tecnologias emergentes, vemos um cenário heterogêneo. Embora o uso de tecnologia seja essencial em todo segmento, mercados como Energia ou Mineração têm um caminho muito mais longo a percorrer, pois contam com uma cadeia de distribuição complexa. Ao mesmo tempo, o ambiente competitivo e a presença de players globais, com acesso facilitado a mais fontes de conhecimento, influenciam o desenvolvimento de cada setor da economia.
Mais relevante do que o estágio de desenvolvimento dos ecossistemas ou a presença de tecnologia em cada segmento, porém, é o fato de que estamos em um momento especial, em que existe muito espaço para crescimento. Nesse sentido, as empresas brasileiras estão bem posicionadas, uma vez que existe uma predisposição cultural em inovar para criar vantagens competitivas. Do agro ao varejo, passando pela mineração, indústria, energia, saúde e diversos outros segmentos, inovação já está na agenda dos CEOs. A presença do tema na agenda, aliada à pressão externa por aumento de eficiência e produtividade, cria um ciclo positivo de transformação.
Hora de preparar o longo prazo
Líderes de negócios em todo o mundo enfrentam o dilema de priorizar as entregas de curto prazo sem negligenciar a construção de valor de longo prazo. É preciso garantir o hoje e preparar o amanhã, sem perder competitividade ao longo dessa trajetória.
Equilibrar esses dois pilares é muito difícil – e se torna uma atividade ainda mais complexa quando é necessário acompanhar e antecipar as inovações que estão sendo desenvolvidas por disruptores em todo o mundo. A limitação de recursos e a necessidade de manter o foco fazem com que a área de inovação das empresas assuma um papel essencial na preparação do futuro: construindo um ecossistema próprio ou a partir de conexões com ecossistemas já existentes. A construção da empresa do futuro passa por parcerias, orquestradas pelas áreas de inovação corporativa, que têm a missão de dar foco à transformação dos negócios.
Quanto mais ativa for a área de inovação corporativa, especialmente no scouting do mercado à procura de soluções para seus problemas de negócios, maior a possibilidade de encontrar respostas com excelente relação custo/benefício, que trarão vantagens competitivas de forma acessível. Encontrar startups com MVPs viáveis para o negócio é um caminho para desenvolver inovações que transformem a empresa “de dentro para fora”, a partir de suas próprias necessidades, e não pelas pressões de mercado.
É preciso evoluir – cada vez mais e cada vez mais rápido. E essa evolução não acontece caso cada empresa se atenha a seu know-how e seu repertório tecnológico. É necessário transformar o negócio, o que acontece com sucesso somente quando o Conselho de Administraçãoe o C-level das empresas se posiciona para acompanhar as inovações do mercado e estimula a adoção de novas práticas internamente. Apenas quando a inovação permeia todo o negócio torna-se possível estimular o desenvolvimento de ecossistemas na busca de geração de valor e inovação.
O papel do orquestrador
Muitas empresas podem presumir que o papel mais relevante dentro de um ecossistema é o de orquestrador. Essa função exige que a empresa seja responsável pelo investimento inicial e gestão coordena dos riscos de seu lançamento. Existem as incertezas associadas à falta de controle sobre o orquestrador relacionadas ao escopo, composição, operações e governança do ecossistema, bem como riscos relacionados ao compartilhamento de dados críticos e acesso aos clientes. Mais do que a vontade própria, é essencial ter todos os recursos necessários e ser o mais preparado para essa função, sem imposição em relação aos demais players. – Gostaria entender melhor esse parágrafo! Apenas de fazer sentido, não me recordo se abordamos isso na entrevista.
As empresas que contribuem com o ecossistema como colaboradores têm custos iniciais mais baixos do que os orquestradores e podem limitar sua exposição, além de participar de mais de um ecossistema simultaneamente. Em alguns casos, especialmente quando já há um ecossistema consolidado no setor, considere se você pode atingir seus objetivos estratégicos juntando-se a um ou mais deles como colaborador.