A primeira etapa é compreender a totalidade de todos os fluxos de transações de TP e quais são as partes de cada lado, em cada transação. Conhecidas essas informações, fica mais fácil identificar as partes comuns, o que permite aos contribuintes agrupar múltiplas transações em um único fórum de resolução de litígios. A consolidação dos principais litígios pode ser usada como referência para acordos negociados em outros lugares.
A segunda etapa é buscar e identificar desafios comuns em todas as jurisdições. Por exemplo, uma empresa pode observar que vários países têm continuamente grandes ajustamentos de conciliação (true-up) ou exigem a manutenção de reservas fiscais para posições incertas em termos de TP. As empresas precisam definir quais os elementos, inclusive a gestão de dados, monitoramento de má qualidade, fixação de preços, volatilidade da taxa de câmbio ou outros fatores que estão contribuindo para questões mais profundas que devem ser resolvidas. . A automatização e a padronização dos dados de um país preparam a empresa para lidar melhor com questões semelhantes em dezenas de outros. Este é um salto exponencial, e não incremental, em direção à certeza. “Mesmo que as empresas comecem com pequenos casos de uso para estabelecer um conceito de dados considerando diferentes possibilidades de fontes de dados e processos internos, isso as ajudará exponencialmente”, afirma Hanna Moebus, Diretora de Preços de Transferência Operacional, Ernst & Young GmbH Wirtschaftsprüfungsgesellschaft (EY Alemanha).
Cada organização deve examinar todos os seus processos de TP a partir desta nova perspectiva e questionar se eles são lineares ou isolados (um sintoma chave de estar isolado é manter arquivos descentralizados, que não podem ser facilmente acessados ou compartilhados). Se assim for, as empresas terão de mudar seu foco para uma abordagem sistêmica que envolva a padronização de dados, a subida na curva da tecnologia TP e, em última análise, a automatização, eventualmente utilizando GenAI ou outra automação de máquinas. Nossa experiência no gerenciamento dessas transformações indica que as organizações relatam uma economia de 30% de todas as horas gastas em assuntos relacionados a TP no departamento financeiro em um período de cinco anos.
Como aproveitar a tecnologia
Os dados e a tecnologia constituem fatores de mudança notáveis, proporcionando às empresas a capacidade de reduzir significativamente os custos, diminuir os riscos e gerar mais valor. A tecnologia atual permite que as empresas insiram dados em um chamado "data lake", validem esses dados, transformem-nos em um modelo de dados comum e promovam sua reutilização por meio de relatórios padrão, análises e mecanismos computacionais. No entanto, a Pesquisa EY Tax and Finance Operations (TFO) de 2023 concluiu que 72% dos entrevistados apresentam lacunas no que diz respeito à sensibilização, do ponto de vista tributário, dos seus Planejamentos de Recursos Empresariais (ERP). Estes desafios são ampliados quando envolvem preços de transferência em nível de produto, transacional ou jurisdicional.
A reforma sistêmica também é necessária se as empresas desejarem obter os benefícios esperados da GenAI. Na pesquisa, 88% dos entrevistados esperam que a tecnologia economize dinheiro para sua organização nos próximos três anos. Mas também reconhecem que têm trabalho a fazer nesse sentido — 76% dos entrevistados afirmam que precisam implementar uma política de TP robusta, que defina claramente os processos de TP, enquanto 47% dizem que precisam movimentar os dados para um repositório centralizado. Trinta e seis por cento (36%) afirmam que precisam melhorar a qualidade dos seus dados.
As empresas precisam de um plano para aproveitar o poder dos dados, dos sistemas e da tecnologia de terceiros. Podem investir internamente em estratégias de dados, sensibilização fiscal de ERPs e melhorias de sistemas, ou fazer parceria com um prestador de serviços que já tenha desenvolvido essas capacidades. Outra opção é buscar uma forma híbrida entre as duas primeiras abordagens. A curva tecnológica de TP continua a se expandir com múltiplas opções tecnológicas disponíveis. É importante que as empresas comecem a pensar na sua infraestrutura de TI e em como reunir dados de diferentes sistemas, ressalta Moebus. Depois de abordarem questões de dados padrão, a tecnologia pode ser prontamente implantada.
Em última análise, os componentes do roteiro de TP revelarão os pontos em que a automação não consegue ajudar. Os profissionais de TP podem ter dificuldade para acompanhar as demandas dos executivos e dos negócios. A eficiência da implementação do roteiro e da automatização liberará os profissionais de TP para atender a necessidades de maior valor agregado da organização, tais como negociações com o Fisco e uma participação mais ativa em P&D e no planejamento da cadeia de suprimentos. Uma melhor conectividade com a Diretoria executiva também contribuirá para potencializar a GenAI com eficácia – 69% dos entrevistados afirmam que precisam melhorar a integração da sua área de impostos com uma estratégia de negócios mais ampla ao longo dos próximos três anos, para usufruir dos benefícios da tecnologia.