Por Armando Lourenzo, Presidente do Conselho Consultivo do EY Institute
É muito comum que sucessores de empresas familiares relatem o excesso de centralização por parte dos pais, o que não permite que os filhos tomem decisões importantes.
A maioria das empresas familiares começa de forma pequena, sem condições de contratar profissionais altamente qualificados devido à própria estrutura inicial de custos. Nesse cenário, os fundadores não têm com quem compartilhar suas decisões, fazendo-as de maneira isolada e contando apenas com um conselho societário, que, por meio de votação, decide e segue em frente, alcançando resultados. Assim, para muitas dessas empresas, cada ano representa apenas um reforço do sucesso de suas decisões, mantendo-se "em pé", mesmo em um mercado pouco favorável.
Quando os filhos assumem, o sucesso dos fundadores já está consolidado, e a organização é vista como mais uma “filha”, e ninguém quer dividir os filhos com os outros. O lado positivo é que decisões importantes costumam ser tomadas de forma mais rápida. O lado negativo é o impedimento do desenvolvimento dos sucessores, que não vivenciam as importantes experiências proporcionadas pela tomada de decisões. Por isso, é essencial que a preparação para a sucessão seja feita durante a vida dos fundadores, permitindo que os sucessores se desenvolvam com seus aconselhamentos e que a gestão comece a ter o perfil dos novos líderes, tornando o processo de sucessão uma transição gradual e não um evento abrupto.
A descentralização só começará de fato quando os fundadores se sentirem seguros em compartilhar suas decisões e perceberem que chegou o momento adequado para iniciar o processo sucessório – mas isso acontecerá apenas se os fundadores souberem identificar o timing desse momento. Caso contrário, o risco de insucesso na sucessão aumenta consideravelmente.