EY entrevista: Lídia Abdalla

Lídia Abdalla é CEO do grupo Sabin, onde ingressou como trainee. Em pouco tempo, assumiu posições de liderança – coordenadora, gerente, superintendente, até chegar à presidência –, e diz que trabalhar em uma empresa que valoriza a mulher fez toda diferença em sua trajetória.

Hoje, ela compartilha essa experiência com outras mulheres, como conselheira do nosso programa Winning WomenTM, contribuindo para formar uma comunidade de empreendedorismo onde o apoio é mútuo e a troca é permanente.

Confira a entrevista que Lídia concedeu à Newsletter do Winning WomenTM Brazil:

WWNews: Nos conte um pouco sobre você.

Lídia Abdalla: Sou mineira e moro em Brasília. Cheguei ainda recém-formada em Farmácia Bioquímica pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Um ano depois de desembarcar na capital federal, em 1999, fui aprovada no processo de trainee do Grupo Sabin.

Naquela época, ainda era Laboratório Sabin e sua operação estava restrita à capital federal. A partir daí, minha trajetória profissional se funde à trajetória da empresa. Gosto de pensar que crescemos e amadurecemos juntas.

Em pouco tempo, assumi a liderança técnica, primeiro como coordenadora e, em seguida, como gerente. À medida que a empresa crescia, fui buscando caminhos para acompanhar esse crescimento e ampliar minhas possibilidades dentro da empresa. A formação complementar dentro e fora da área de saúde foi fundamental. Fiz cursos de liderança e conhecimento administrativo.

Em 2007, finalizei o mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB) e, em seguida, o MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral (FDC).

Após dez anos, assumi a função de superintendente técnica, onde pude participar do planejamento da expansão nacional do grupo. Cinco anos mais tarde, em 2014, assumi a presidência da empresa e o desafio de seguir crescendo geograficamente e diversificando o negócio. Fui escolhida porque conhecia a operação, o setor de saúde, a cultura organizacional e todas as áreas da empresa, mas nem por isso o desafio foi menor.

Com o avanço da tecnologia, passamos a investir em outros modelos de negócio convergentes com o nosso, como startups de atenção primária e de prontuário médico. Hoje, atuamos em análises clínicas, diagnósticos por imagem e check-up executivo, imunização, além de serviço de atenção primária à saúde, gestão de saúde de grupos populacionais e, mais recentemente, uma plataforma integradora de serviços de saúde. São 350 unidades, em 78 cidades de 15 estados, além do Distrito Federal, com presença do norte ao sul do país e 7 milhões de clientes atendidos no último ano.

Trabalhar numa empresa que valoriza a mulher fez toda a diferença na minha trajetória. Pude seguir minhas escolhas pessoais e profissionais sem ter que optar entre um ou outro. No Sabin, nós acreditamos que o nosso exemplo é muito forte. Falar, contar histórias, ler livros e teorias é uma coisa. Ter exemplos mostrando que é possível chegar lá é outra.

O Sabin é a trajetória de duas mulheres que sonhavam em ter uma empresa e conseguiram. E é a minha também. De alguém que saiu do interior de Minas, mudou para Brasília sem conhecer ninguém e hoje é CEO de uma grande empresa brasileira. Por isso, contar a nossa história tem também um papel social muito importante. Apoiar que outras histórias como a nossa sejam construídas também é parte da nossa missão.

WWN: Quando o Winning WomenTM entrou na sua vida?

LA: Em 2016, fui convidada para participar como conselheira do programa e, durante esses anos, atuei aconselhando empresas como Pioneer, Alergoshop, Giornata, Rishon Cosméticos, Café Cultura, Primers Legalização Imobiliária e Água na Caixa. A troca que cada uma dessas experiências proporcionou a mim foi única e especialmente significativa.

O propósito do EY Winning WomenTM de construir um mundo de negócios melhor alinha-se muito ao meu e a oportunidade de fazer parte de uma rede de lideranças femininas me enche de satisfação e esperança, porque, sim, eu acredito que juntas podemos transformar a realidade das mulheres no mundo dos negócios, com mais equidade.

Segundo o último levantamento do IBGE sobre estatísticas de gênero, apesar de sermos mais instruídas, ocupamos apenas 37,4% dos cargos gerenciais e temos rendimento quase 30% menor que dos homens no Brasil. Apoiar o empreendedorismo feminino pode mudar essa realidade.

WWN: Durante todo tempo em que é conselheira, o que mais lhe chamou a atenção?

LA: O programa Winning WomenTM da EY é uma iniciativa valiosa, que oferece mentoria para as mulheres e oportunidades de trocas de experiências e networking. É, na verdade, uma jornada de aprendizado e desenvolvimento, que contribui com a estruturação e crescimento desses negócios de maneira sustentável.

Ainda que pequenos negócios, o programa oferece a essas empreendedoras a possibilidade de uma trajetória com visão profissional de negócio e processos, identificando oportunidades de melhorias, permitindo que deem passos maiores para a consolidação e o crescimento, com o nosso apoio e aconselhamento.

Valorizar o empreendedorismo feminino brasileiro é essencial para que haja um desenvolvimento igualitário e justo em nossa sociedade. Como líder de uma empresa de alma feminina, que nasceu da força empreendedora de duas mulheres ainda na década de 80, vejo com muita satisfação e alegria o aumento da presença feminina no mundo dos negócios e os resultados proporcionados pelo Winning WomenTM são, realmente, muito expressivos nesse sentido.

WWN: Após ser parte do time de conselheiras, o que mudou na sua forma de encarar o empreendedorismo feminino?

LA: O mercado profissional, ainda de maioria masculina, somado aos múltiplos papéis sociais das mulheres torna a jornada feminina no mundo dos negócios mais difícil. Os desafios são muitos e, por isso, exemplo e inspiração são muito necessários, assim como apoio. Em muitas situações, nos vemos sozinhas, por isso o programa é um espaço importante de referência para que se possa compartilhar anseios, necessidades, riscos e decisões importantes com outras mulheres.

Essa troca permite o fortalecimento e o crescimento de todas. Nós, conselheiras, temos a possibilidade de ampliar nossa visão de mundo e de negócios tanto quanto as nossas mentoradas. Formamos uma comunidade de empreendedorismo onde o apoio é mútuo e a troca é permanente.

É incrível ver a riqueza e os talentos das mulheres do nosso país. A capacidade criativa e a disposição que elas apresentam para enfrentar as barreiras e vencer os desafios é uma inspiração e um aprendizado que levo para a vida.