Lideranças da EY Brasil e Global e Board Member do IFRS, do CBPS e IESBA discutiram as perspectivas atuais, futuras e o que precisa ser feito agora nas empresas em relação às normas IFRS S1 e IFRS S2
Por Mariana Lebreiro, Sócia de Financial Accounting Advisory Services (FAAS), e Renati Suzuki, Gerente Sênior de FAAS e especialista em ESG.
Em resumo
- A publicação dos Padrões de Divulgação de Sustentabilidade pelo IFRS S1- Requerimentos gerais de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade e S2 – Informações Financeiras relacionadas ao clima representa uma das mudanças mais significativas para as companhias de capital aberto, conectando o relato de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade com as demonstrações financeiras.
- Estabelecidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), as novas normas do IFRS Sustainability Disclosure Standards objetivam melhorar a transparência entre empresa e seus investidores, comunicando informações sobre a exposição da empresa a riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade, além de suas respostas a essa exposição por meio de sua estratégia de negócios, gestão de riscos e práticas de governança.
- Adicionalmente, as divulgações globalmente comparáveis relacionadas à sustentabilidade ajudam os investidores a tomar decisões mais informadas, ou seja, a perspectiva é que seu impacto seja extremamente positivo, mas adotá-las apresentará desafios significativos.
Na EY, sabemos que atender aos requisitos das novas normas será um grande passo para a maioria das organizações, e que muitas companhias estão preocupadas com o escopo e o tamanho da mudança necessária. Para apoiar, reunimos lideranças da EY Brasil e Global, Board Member do IFRS, do CBPS e IESBA, no escritório da EY em São Paulo no dia 1º de setembro de 2023, para discutir a implicação das novas normas para os negócios das companhias, bem como a necessidade de conectar as informações de sustentabilidade e financeiras.
Alguns insights importantes da discussão foram capturados aqui:
IFRS S1 e IFRS S2 "projetadas como um pacote"
Como a maioria das empresas ainda está analisando as implicações das primeiras novas normas IFRS S1 e IFRS S2, Michiel Van der Lof, Global Leader of Corporate Reporting Services na EY, compartilhou sua orientação sobre como abordar sua adoção.
A S1 "prepara o cenário" para essa nova abordagem de divulgação de sustentabilidade. “É um padrão geral, mas muito importante”, disse Michiel, pois exige a identificação de informações relevantes sobre riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que podem influenciar as decisões dos investidores. O S2 é o primeiro padrão específico focado em divulgações relacionadas ao clima.
No primeiro ano, as empresas podem fornecer apenas divulgações relacionadas ao clima, mas Michiel lembra que S1 e S2 são projetados como um pacote. Caso relate divulgações relacionadas ao clima usando o S2, este deve estar em conjunto com o S1, por conter as principais informações necessárias e fundamentos de divulgação.
Usando a estrutura TCFD para a definição de padrões do ISSB
Os padrões são baseados na estrutura do Taskforce for Climate-related Financial Disclosures (TCFD), estrutura voluntária amplamente adotada para divulgações sobre mudanças climáticas. Isso significa que os riscos e oportunidades de sustentabilidade identificados devem ser acompanhados por informações no estilo TCFD sobre governança, estratégia, gestão de riscos, métricas e metas.
Por outro lado, Michiel lembra que os novos padrões são mais robustos que o TCFD: “uma linguagem de definição de padrões mais específica foi adicionada às recomendações do TCFD – a redação é mais precisa, prescritiva e clara." O objetivo é produzir informações relacionadas à sustentabilidade para os investidores e que sejam asseguradas.
Use seu julgamento em torno de divulgações específicas do setor
Michiel indica que as divulgações específicas do setor exigidas pelos novos Padrões de Divulgação de Sustentabilidade IFRS são uma das principais diferenças da estrutura TCFD e, provavelmente, representarão uma das principais fontes de trabalho adicional para os negócios.
As informações específicas do setor são críticas para os investidores, mas embora a entidade deva incluir dados específicos do setor nos relatórios usando o S2, essas informações não precisam incluir as divulgações específicas listadas na orientação. “Se você decidir que é apropriado usar divulgações diferentes, você pode, mas as do SASB provaram ser as mais úteis para investidores em todo o mundo, sendo elas as mais recomendadas de serem adotadas”.
Michiel também lembrou que as normas não obrigam as organizações a compartilharem informações comercialmente sensíveis sobre oportunidades relacionadas à sustentabilidade se isso tiver um impacto econômico negativo significativo, mas a organização deve divulgar que usou essa isenção.
Comece a se preparar para as divulgações do Escopo 3
A implementação do S2 em fases significa que as informações do escopo 3 não são necessárias para o primeiro ano. Mas Michiel recomenda que as empresas não usem o ano inicial como “férias” e que comecem a pensar agora, mapeando as cadeias de valor para identificar a extensão de seu impacto de carbono.
Conectividade
Informações sobre riscos de sustentabilidade são cada vez mais demandadas pelas partes interessadas, já que tais riscos e correspondentes oportunidades podem potencialmente impactar os negócios, fluxo de caixa e posição econômica, com consequências na performance financeira das entidades. As companhias são invariavelmente expostas a riscos de sustentabilidade, mas os impactos desta exposição dependem de uma série de fatores: setor em que atuam, recursos naturais que utilizam, regulamentação que devem atender, área geográfica de atuação, modelo de negócio, entre outros.
Tais impactos devem ser avaliados sob o aspecto contábil e, se materiais, devem ser divulgados nas demonstrações financeiras das entidades. No encontro, foi discutida a necessidade desta conexão, sob o ponto de vista dos investidores, com considerações de Helena Masullo, Head of ESG na Constellation Asset Management, e das entidades, com José Victor Sousa, Gerente Geral de Reporte Financeiro e Controles Internos da Vale. Para saber mais, acesse Applying IFRS – Accounting for Climate Change.
Tadeu Cendon, membro do comitê do IASB, explicou os projetos iniciados pelo IASB para integrar as informações de sustentabilidade na contabilidade e citou vários exemplos, que já conectam essas informações. Acesse em Conectividade das informações de sustentabilidade e financeiras.
Adoção
Não há como negar que os Padrões de Divulgação de Sustentabilidade IFRS exigirão trabalho árduo em toda a empresa, mas também criam uma oportunidade excepcional para uma compreensão mais profunda sobre riscos e oportunidades de sustentabilidade, se abordados da maneira correta.
Vania comentou “Não é mais SE as normas serão adotadas no Brasil, e sim QUANDO serão adotadas”. Espera-se que o CBPS termine a fase de tradução das novas normas para, então, abrir para comentário público. A partir das normas finais, a CVM deve regular a adoção no Brasil.
Se você perdeu nosso evento ou quer saber mais, por favor, entre em contato para marcarmos um encontro e discutirmos as implicações dentro do contexto da sua entidade.