Nos próximos cinco anos, o setor mineral deve investir R$ 320 bilhões no Brasil, o que representa aumento de aproximadamente 29% da projeção realizada no ano passado, de acordo com o estudo “A atratividade do setor mineral brasileiro”, produzido pela EY em parceria com o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração). A sustentabilidade está se tornando um tema central para a aprovação e execução de projetos de capital. Isso porque há, por parte dos financiadores, ênfase crescente no atendimento dos critérios ESG, o que está resultando em projetos e infraestruturas sustentáveis.
Algumas das principais iniciativas das empresas de mineração incluem a conservação e reciclagem da água; a gestão responsável e a destinação correta dos resíduos; o envolvimento ativo com as comunidades locais; a instituição da transparência e prestação de contas; além da crescente redução das emissões de carbono e de material particulado. Critérios de sustentabilidade também vêm sendo muito utilizados na fase conceitual da engenharia e têm remodelado as especificidades de cada disciplina para que se aproveite ao máximo, no detalhamento dos elementos construtivos, a utilização de materiais que respeitem o meio ambiente e sejam mais eficientes.
O advento da tecnologia na engenharia também ajuda nesse ponto, ao viabilizar modelagens digitais que permitem quantificar o ganho de eficiência do projeto, levando em consideração o uso de energia limpa e de materiais reciclados; a reciclagem durante a fase de construção; e a utilização de métodos arquitetônicos de reaproveitamento de energias durante o processo produtivo (do vento para refrigeração natural, da solar para iluminação e fornecimento de corrente energética e da água), além de outros ganhos.
Esses exemplos já vêm sendo objeto de certificações em projetos de capital concedidas pelo U.S. Green Building Council (LEED Certified). No Brasil, o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e o PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) lideram a elaboração de notas técnicas com a eficiência de cada material e sua respectiva instalação, ajudando a reduzir os impactos na implantação de novos projetos de capital.
Mudanças climáticas
Tanto as grandes corporações da indústria de mineração (chamadas de major) quanto as menores (junior) estão lidando com um ponto muito forte de inflexão nesses últimos anos: as práticas de ESG. Elas se tornaram prioridade para stakeholders e investidores. O crescimento acentuado dessa bandeira força o setor a se adequar a um cenário necessariamente mais verde.
Nesse contexto, duas fontes de financiamento se destacam, que são a governamental e a de bancos de desenvolvimento. Sobre a primeira, por causa do Acordo de Paris, assinado na COP 21 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), em que 188 países se comprometeram a contribuir para a redução das emissões de gases do efeito estufa, os governos estão incentivando os projetos que envolvam minerais críticos, empréstimos preferenciais, garantias e outros incentivos financeiros para indústrias relacionadas à transição energética. O governo brasileiro anunciou em fevereiro a criação de um programa de incentivo fiscais para emissão de debêntures, direcionado a mineradoras que extraem minérios críticos para a transição energética.
Já em relação aos bancos de desenvolvimento, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) oferece linhas de crédito específicas para o setor de mineração. A instituição já emprestou R$ 24,6 bilhões para mineradoras, somando operações diretas e indiretas automáticas. Seu objetivo é lançar um fundo de capital de até R$ 1 bilhão para apoiar de 15 a 20 empresas dos portes junior e médio, com projetos em fases iniciais e com demanda por fontes com menor emissão de carbono. A meta é impulsionar a transição energética.