A inteligência artificial tem sido utilizada para reduzir as emissões de metano na indústria de gás e petróleo por meio de sua combinação com veículos aéreos não tripulados, comunicação via satélite e uma tecnologia de sensores. Chamado de UAV (Unmanned Aerial Vehicle), esse tipo de veículo verifica os dados de emissão em plantas de localidades remotas para que seja possível produzir um relatório rápido e preciso por meio da adoção de IA. O trabalho, realizado por uma petroleira atendida pela EY no Reino Unido, tem como objetivo tornar a produção o mais eficiente possível, evitando emissões desnecessárias de metano, um dos principais gases de efeito estufa. O resultado foi redução de metade dessas emissões, considerando todas as suas operações, o que é muito relevante na medida em que o setor de energia está entre os principais emissores globais de metano, com petróleo e gás respondendo pela maior parte das emissões, que costumam ocorrer ao longo da cadeia produtiva e de abastecimento desses combustíveis. Isso envolve uma série de questões, como falhas em equipamentos, que podem apresentar vazamentos, e nos sistemas usados. Por volta de três quartos das emissões decorrentes da produção de petróleo podem ser evitadas com a utilização das tecnologias já existentes, como a IA.
"A IA está criando uma rede inteligente de gasodutos e oleodutos. Além de possibilitar a correção rápida de eventuais falhas nos processos produtivos, essa tecnologia fornece dados precisos que permitem, por exemplo, identificar em tempo real a pegada de carbono nas etapas de produção", diz Thierry Mortier, líder global de Digital e Inovação para Energia e Recursos Naturais da EY. "Essas redes inteligentes integram o digital e o físico a partir das inúmeras possibilidades da IA, como o modelo preditivo".
Benefícios do uso da predição
A predição permite reduzir o tempo de inatividade em poços de gás e petróleo, bem como em plataformas, oleodutos e refinarias, já que a parada não planejada dessas estruturas resulta em milhões de dólares de prejuízo. Por meio da IA, as empresas usam análises preditivas para antecipar o tempo necessário para a manutenção das refinarias e calcular o impacto de bloqueios em oleodutos – por motivos diversos como geopolíticos – e de colapsos de poços. “Os algoritmos de inteligência artificial analisam os dados recebidos pelas empresas em busca de anomalias e inconsistências no processo produtivo, levantando, em caso de necessidade, sinais de alerta nos equipamentos monitorados”, afirma Victor Guelman, sócio-líder de Markets e Business Development da EY Brasil.
No modelo de predição, é possível, ainda, prever falhas de embarcações, turbinas, bombas, compressores e outros componentes críticos usados nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural. O resultado disso, para uma petroleira dos Emirados Árabes Unidos, cliente da EY, é uma queda de 25% nos custos de reparo da sua infraestrutura, além do aumento do tempo de vida médio dos equipamentos. Essa mesma empresa, também a partir do modelo preditivo de IA, faz monitoramento robusto, com alerta aos engenheiros de planta, de potencial incêndio ou explosão. O sistema de IA fornece 90% de precisão na previsão desses incidentes de fogo.
“Há, por fim, o ganho de produtividade em tarefas mais básicas do dia a dia, mas que exigem muitas horas de trabalho, como a análise dos diversos documentos legais, geofísicos e da operação a que estão sujeitos os engenheiros de campo”, diz Ana Domingues, líder global de IA e GenAI da EY para Energia e Recursos Naturais. “É possível fazer com que a IA forneça para esses profissionais estritamente o que consta nesses documentos, sem que ela produza inovações de qualquer tipo, evitando assim alucinações ou erros, já que o objetivo desse trabalho é somente municiar de informações os engenheiros com agilidade e precisão”, completa. Ao fazer isso, a IA cumpriu igualmente seu papel, possibilitando que esses engenheiros possam se dedicar a tarefas mais complexas que exijam soluções ainda não formuladas pela indústria.
Investimento em IA
As empresas de energia estão enxergando todos esses benefícios da IA. A adoção dessa tecnologia tem acelerado, com 92% delas já investindo em IA ou planejando esse investimento nos próximos dois anos, de acordo com estudo recente da EY. Quase nove em cada dez CEOs (87%) de empresas globais de energia dizem que a IA generativa já produziu impacto significativo em pelo menos um aspecto dos seus negócios. Já 41% dizem que a IA está inspirando sua estratégia de longo prazo.