O hidrogênio verde (H2V) tem sido considerado a solução para a descarbonização de uma série de atividades econômicas, especialmente aquelas ainda dependentes de carvão, petróleo e gás. Os combustíveis fósseis são de longe os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas, respondendo por mais de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) e perto de 90% das emissões de dióxido de carbono. Os piores efeitos das mudanças climáticas só serão evitados caso as emissões de GEE sejam reduzidas quase pela metade até 2030 e zeradas até 2050.
Para conseguir isso, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas) e outros organismos internacionais, o mundo precisa acabar com sua dependência de combustíveis fósseis por meio do investimento em fontes alternativas de energia que sejam limpas, acessíveis, sustentáveis economicamente e confiáveis. "É hora de parar de queimar nosso planeta e começar a investir na abundante energia renovável ao nosso redor", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O hidrogênio verde, que pode ser transformado em combustível ou eletricidade, apresenta três vezes mais energia do que a gasolina e, ao contrário dela, é uma fonte limpa, que não gera poluentes. Pode ser largamente usado pelo setor de transporte (carros, ônibus, caminhões e navios, por exemplo) e em processos industriais nos setores químico e siderúrgico, além de fabricação de fertilizantes. A indústria de cimento internacional, uma das mais poluentes e responsável por 7% das emissões totais de dióxido de carbono geradas pela atividade humana no mundo, deve ser transformada por meio do hidrogênio verde, que reduziria de forma significativa essas emissões.
Até 2025, de acordo com a Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA, na sigla em inglês), pelo menos 6% da energia consumida no planeta estará ligada a essa fonte. Estimativa do Hydrogen Council indica que o hidrogênio verde reúne projetos de larga escala que somam investimentos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030. Cada dólar investido em energia renovável cria três vezes mais empregos do que se fosse investido na indústria de combustíveis fósseis.
Milhões de empregos serão gerados
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a transição para um cenário de net zero proporcionará aumento dos empregos gerados pelo setor de energia. Enquanto cerca de 5 milhões de empregos podem ser perdidos na produção de combustíveis fósseis até 2030, cerca de 14 milhões devem surgir em energia limpa, resultando assim em um ganho de 9 milhões de postos de trabalho nesse setor. Tecnologias inovadoras como o hidrogênio verde e a popularização dos carros elétricos vão demandar outros 16 milhões de trabalhadores.
"O Brasil tem potencial para se tornar um grande produtor mundial de hidrogênio verde. Além de já ter sua geração de energia concentrada em fontes limpas, o país está sendo buscado pelos europeus principalmente, que estão atrás de potenciais cadeias de fornecimento de H2V”, diz Ricardo Assumpção, Chief Sustainability Officer da EY e líder de ESG e Sustentabilidade. “Já existe projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional que regula produção e uso para fins energéticos do H2V. O objetivo da regulação é acelerar investimentos e proporcionar segurança jurídica à iniciativa privada. Estados como Ceará e Pernambuco anunciaram que há empresas dispostas a investir na infraestrutura de produção de H2V".