Muito comentada em seu aspecto ambiental, a agenda ESG tem sido direcionada pelas empresas americanas para o social por meio da melhora das condições de trabalho dos seus colaboradores. Tais esforços exigem mudança na cultura organizacional, incluindo o comportamento da liderança, e adoção das práticas demandadas pelos profissionais, que estão dedicados a encontrar equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.
No estudo Sustainability and ESG Trends Index, da EY, dos 500 líderes C-Level e membros da diretoria executiva entrevistados, provenientes de empresas dos Estados Unidos com pelo menos US$ 1,5 bilhão de faturamento que fazem parte do ranking da Fortune 1000, 61% disseram que endereçar as condições de saúde do colaborador e seu bem-estar é fundamental para o sucesso das suas organizações. Igualmente relevante para esse desempenho satisfatório é o pagamento de um salário justo para a força de trabalho, com 58% das respostas. A diversidade no ambiente de trabalho também foi lembrada pela ampla maioria: 87% no total.
A consequência dessas ações é tornar as organizações mais atrativas aos talentos em um mercado que se mostra de forma geral cada vez mais acirrado por mão de obra qualificada. A dificuldade de encontrar profissionais com as competências desejadas pelas empresas atingiu recentemente no Brasil porcentagem acima da média global, que registrou seu maior nível em 17 anos, de acordo com relatório da empresa de recrutamento Manpower Group. Quatro a cada cinco empregadores no mundo reportam dificuldade em preencher vagas abertas. Esse cenário evidencia que a preocupação com o bem-estar dos colaboradores, contemplada pelas iniciativas ESG, está relacionada com a competitividade das empresas nos seus setores de atuação.
Estudo recente da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais) apontou que as empresas brasileiras de tecnologia vão demandar quase 800 mil profissionais entre 2021 e 2025. Caso o ritmo de formação atual observado anualmente seja mantido, isso significará um déficit de 530 mil profissionais de tecnologia no fim desse período.
ESG como estratégia para criar valor a longo prazo
Ainda segundo o estudo da EY, as iniciativas ESG, incluindo as voltadas para os colaboradores, estão se tornando uma estratégia central para as organizações – não apenas dos EUA como de outros países – construírem valor a longo prazo. Há um esforço de investimento em mudanças estruturais para atender a essas prioridades de sustentabilidade. Também existe uma compreensão maior dos impactos positivos e negativos que o desempenho na agenda ESG pode causar nos negócios. Todos os líderes C-Level ouvidos disseram que sustentabilidade e agenda ESG são importantes para suas organizações. Já 87% indicaram que essas iniciativas são extremamente importantes para o sucesso a longo prazo dos seus negócios.
“As prioridades contempladas na agenda ESG podem entregar a transparência que os investidores buscam; a cultura organizacional e as práticas de trabalho que os colaboradores demandam; e o foco nos desafios ambientais que têm moldado o comportamento do consumidor”, diz Ricardo Assumpção, sócio-líder de ESG para a América Latina Sul e Chief Sustainability Officer (CSO) da EY Brasil.