Capítulo 1
Gerenciar novas oportunidades, mitigando novos tipos de risco
Os CEOs ainda estão lidando com as consequências da pandemia.
Muitas empresas estão respondendo ao impacto da pandemia. De acordo com o EY CEO Survey 2022, pesquisa feita com 2.000 CEOs, a grande maioria dos CEOs (86%) foi afetada pela pandemia.
Em um cenário reformulado, eles estão se posicionando para o crescimento e antecipam significativas oportunidades de crescimento. Escolhas tempestivas e ousadas sobre investimentos transformadores no portfólio, particularmente aquisições e desinvestimentos, se mostraram decisivas no contexto da crise financeira global. E a história de risco-versus-retorno pode se repetir para aqueles com as estratégias certas.
Mas há possíveis desvantagens. Riscos exógenos – tensão geopolítica, interferência no mercado político e emergências climáticas – são as principais preocupações do CEO. Mais abaixo na lista vêm os riscos sob os quais os CEO têm maior controle, o gerenciamento de demandas conflitantes dos stakeholders e o custo do talento.
A tensão geopolítica está mudando a composição do portfólio de investimentos. Muitos CEOs estão repensando as operações internacionais. O aumento do neo-statismo está redefinindo um ambiente operacional global amplamente definido pela competição e cooperação entre os EUA, União Europeia e China.
Nesse contexto, muitos CEOs estão reconfigurando as cadeias de suprimentos para reduzir custos e minimizar a incerteza. Eles estão à frente de organizações que vendem os mesmos produtos e serviços, mas a maneira como estes produtos e serviços são produzidos e entregues mudou completamente. A pandemia demonstrou como a segurança na cadeia de suprimentos pode ser uma vantagem competitiva.
As empresas estão fazendo essas mudanças enquanto se adaptam a um ambiente regulatório cada vez mais multipolar com demandas complexa – e muitas vezes conflitantes.
Mas isso não é o fim da globalização. Dos CEOs que ajustaram os planos de investimento, quase metade (45%) aumentou os investimentos cross-border: ainda não há sinais de retração doméstica.
Mas a questão de preocupação mais imediata e cada vez mais internacional é a inflação, que voltou de uma forma que muitos dos CEOs de hoje não experimentaram.
Não há uma causa única para os problemas de precificação de insumos serem observados em todos os setores. Nos últimos dois anos, as paralisações relacionadas à pandemia impactaram as cadeias de suprimentos globais. Os custos de mão de obra e energia aumentaram, assim como os custos das matérias-primas. As taxas de frete aumentaram mais de 400% em relação aos níveis de 2019.1 Somando os custos de armazenamento de montagem e as vendas perdidas devido a atrasos, tudo isso aumentou o custo de fazer negócios.
Principais considerações para os CEOs em 2022
- Mudança de dentro para fora: reconfigure os processos internos para fortalecer a resiliência operacional e a agenda de talentos, ao mesmo tempo engajando os ecossistemas externos – fornecedores, parceiros e clientes – para se posicionarem para o crescimento futuro.
- A estabilidade não é acidental: priorize estrategicamente o próximo choque imprevisto para ajudar a garantir a opcionalidade em toda a empresa, incluindo segurança da cadeia de suprimentos e canais para os clientes.
- Olhe ao redor: planejamento em um ambiente regulatório em constante mudança – como a supervisão de como as empresas podem armazenar e usar dados para fins comerciais.
Capítulo 2
Estratégias de investimento em tempos de oportunidades
As novas tendências estão levando os CEOs a tomarem decisões ousadas agora.
Muitos CEOs reconhecem claramente a necessidade de investir agora para garantir oportunidades futuras. Otimizar as operações atuais é fundamental para os planos de investimento futuros.
Muitos CEOs já estão expandindo seus horizontes para capturar oportunidades de crescimento futuro, por entenderem que passos ousados agora podem aumentar o potencial para liderança no futuro.
O aumento dos investimentos de venture capital em 2021 corrobora essa constatação. Os aumentos de Capex e investimentos corporativos também mostram como muitos CEOs estão posicionando suas empresas para opções críticas de crescimento futuro.
A maioria dos investidores está disposta a apoiar essas ambições de crescimento de longo prazo, e os CEOs entendem que uma narrativa convincente é fundamental para garantir o apoio de investidores.
No entanto, mais de um quinto dos investidores (21%) não estão dispostos a apoiar uma estratégia de crescimento de longo prazo ou estão fixados em ganhos de curto prazo, o que pode ser uma barreira para o planejamento estratégico de longo prazo.
Os CEOs precisam tratar o envolvimento dos investidores como parte fundamental das estratégias de criação de valor a longo prazo. E eles precisam disseminar narrativas com oportunidades críticas de crescimento e inovação.
Com o private equity voltado a uma visão de horizonte mais longo sobre os investimentos, os CEOs corporativos devem estar atentos a um cenário competitivo em mudança e ao lado negativo do pensamento de curto prazo, especialmente ao abordar potenciais investidores.
Quase metade dos CEOs (47%) vê a tecnologia como a chave para o engajamento do cliente e para manter ou melhorar a margem. Com os custos inflacionários de mão de obra representando uma diminuição dos lucros, a automação está sendo priorizada como uma solução.
Os CEOs devem se sentir encorajados a investir agora e priorizar estratégias de automação alinhadas às prioridades críticas dos negócios para melhorar o impacto de longo prazo nos recursos.
Esses investimentos em tecnologia podem abrir novos caminhos para o crescimento e permitir planos que reformatem o engajamento do cliente junto com o desenvolvimento de novos produtos e serviços orientados por dados.
As empresas ainda muitas vezes ignoram o valor das bases de dados à sua disposição - a próxima grande ideia pode ser descoberta a partir da análise de dados que já estão ao seu alcance. Aproveitados corretamente, os dados podem criar vantagens comerciais no mercado, bem como melhorar a eficiência operacional e dos processos dentro da empresa.
Principais considerações para os CEOs em 2022
- Crie estratégias para o longo prazo: Concentre-se na eficiência e no engajamento mais forte dos stakeholders – prestigiando o longo prazo sobre as vitórias no curto prazo.
- Explore seu próprio tesouro: use os dados do cliente para ajudar a prever mudanças de comportamento e definir estratégias futuras.
- Educar e engajar: atualize suas narrativas para engajar investidores e todas stakeholders internos e externos – articule uma visão positiva e responda às preocupações rapidamente..
Capítulo 3
Negociação transformacional continua no topo da agenda do C-Level
O boom de M&A deve continuar em 2022.
Em 2021, as fusões e aquisições foram a escolha dos CEOs para acelerar a ambição estratégica – desde a compra de inovação para impulsionar a transformação digital até a aquisição de talentos escassos, desde a redução dos perfis de risco ESG até a entrada em novos mercados e serviços.
O ano de 2021 foi, de longe, o que teve maior atividade de M&A, com US$ 5,5 trilhões em oportunidades. 2022 será outro ano recorde. De qualquer forma, as fusões e aquisições seguirão sendo um motor de crescimento fundamental no kit de ferramentas estratégicas do CEO.
Quase dois terços (59%) dos CEOs esperam que suas empresas busquem aquisições nos próximos 12 meses. Isso está acima dos 49% no início de 2021 e aponta para outro ano muito forte para negócios. Dada a escala de atividade em 2021, muitas empresas integrarão ativos adquiridos recentemente, mas permanecerão estrategicamente posicionadas para comprar ativos que apoiem as ambições de crescimento.
Os CEOs ainda enxergam M&A como um acelerador crítico para estratégias de crescimento de longo prazo – adquirindo capacidades operacionais e inovação. Cenários competitivos pré-existentes foram redesenhados em todos os setores nos últimos 18 meses, e há mais mudanças à frente.
Um impulsionador crescente de mudanças futuras será a agenda ESG. Vimos um forte aumento dos negócios no espaço de energias renováveis em 2021, mas isso é apenas uma parte da história. Em todos os setores, estamos vendo um forte desejo de comprar ativos que aceleram as estratégias de sustentabilidade, especialmente no setor automotivo, industrial e de consumo - e isso provavelmente continuará em ritmo acelerado.
As preocupações com ESG e sustentabilidade estão se tornando extremamente importantes para os CEOs que buscam aquisições. 99% dos CEOs consideram o fator ESG em sua estratégia de aquisições, ao passo que 6% deles desistiram de transações no ano passado por causa de preocupações relacionadas a ESG nos potenciais Targets. Embora 6% possa parecer pouco, só recentemente o ESG passou a ser fator analisado em operações de M&A.
Juntamente aos fortes impulsionadores de negócios em muitas dimensões, também há um volume formidável de recursos disponível para operações de M&A. O balanço patrimonial das S&P 500 mostra um valor total de USD 2,8 trilhões em caixa. 2 Além disso, os CEOs têm a possibilidade de obter financiamento a taxas de juros que permanecem em patamares historicamente baixos e de utilizar os recursos provenientes de operações de desinvestimento.
As empresas que foram arrojadas e fizeram transações de M&A – de compra e de venda – cedo, no contexto da crise financeira global entregaram taxas de retorno para os acionistas na década seguinte 25% maior do que as empresa que não fizeram. Da mesma forma, a adoção de estratégias ousadas agora pode resultar na criação de vantagem comercial, agilidade competitiva e força de mercado.
Principais considerações para os CEOs em 2022
- Comprar versus construir: determine qual abordagem é a melhor opção para acelerar a transformação digital ou aumentar seu rating ESG.
- Consertar, vender, fechar: revise sistematicamente seu portfólio por meio das lentes da mudança dos talentos, expectativas dos clientes e da sociedade de forma mais ampla e prepare-se para desinvestir e remodelar para um ambiente de negócios diferente.
- Cuidado com o viés de afinidade: entenda as sinergias e os riscos de ativos desconhecidos que diferem do seu negócio principal. .
Resumo
A pandemia tem sido um alerta para muitos CEOs, e o imperativo da transformação está agora mais claro do que nunca. Muitos estão reconfigurando ativamente suas empresas para resiliência e investindo corajosamente para otimizar o crescimento – com M&A ainda no topo da agenda do C-level.
CEOs incapazes de tomar medidas ousadas podem enfrentar testes severos no futuro, principalmente porque a intensificação dos ventos contrários traz consigo relevantes desafios na corrida para capturar oportunidades emergentes.