7 Minutos de leitura 2 nov 2020
Woman operating microscope in laboratory

Como os CEOs de empresas do setor de life sciences podem renovar o planejamento estratégico e a execução

Por Juan Uro

EY-Parthenon Principal, Strategy and Transactions, Ernst & Young LLP

Experienced strategy, transaction and transformation advisor and operator. Board member. Husband, father of two.

7 Minutos de leitura 2 nov 2020

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  • Life sciences - will your strategy go from virtual to reality? (pdf)

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As mudanças causadas pela pandemia no ecossistema de life sciences  estão transformando o modo como a diretoria executiva desenvolve e executa a estratégia corporativa.

Em resumo
  • A estratégia deve levar em conta as necessidades dos stakeholders, inclusive pacientes, pagadores, fornecedores, funcionários e reguladores.
  • Ecossistemas de ciências da vida sob disrupção podem requerer coopetição, para tratar de problemas de oferta e demanda, distribuição e lacunas de mercado.
  • 76% dos entrevistados disseram que a COVID-19 impactará ou fará com que ajustem a estratégia de médio a longo prazo de suas organizações..

Os CEOs e outros diretores seniores do segmento de Life Sciences precisam tratar de algumas áreas cruciais à medida que desenvolvem suas estratégias para a era pós-pandemia: desenvolver resiliência em suas cadeias de suprimento, tratar das necessidades dos clientes em rápida evolução, apoiar a inovação eficaz, para desenvolver novos tratamentos, e evitar ameaças de concorrentes inesperados.

Algumas delas já eram prioridades antes da pandemia, assim como a necessidade de aumentar a digitalização nas interações com pacientes, no compartilhamento de dados e nos testes clínicos.

Ainda assim, a pandemia ofereceu o ímpeto para os diretores executivos do segmento de life science, para que ajustem suas estratégias mais rapidamente.

O novo relatório “Realizing Strategy” da EY Parthenon, baseado em uma pesquisa conduzida pela Economist Intelligence Unit em junho de 2020 com CEOs, CFOs e outros diretores executivos sobre o futuro da formulação estratégica, mostra o quanto é provável que essas mudanças tenham afetado organizações do segmento de ciências da vida.

De agora em diante, os executivos das ciências da vida precisarão: a) entender as necessidades de uma gama mais ampla de stakeholders, que têm um impacto tanto na demanda por seus produtos quanto na capacidade de oferecer esses tratamentos quando o comércio transfronteiriço de APIs é afetado; b) aprofundar seu pipeline de desenvolvimento de produtos; e c) buscar parcerias, mesmo com concorrentes ou coopetidores, a fim de preencher lacunas de capacidade e de mercado.

1. Abraçar as necessidades de mais stakeholders

É fundamental mirar o foco para além dos acionistas e formular estratégias com base nas necessidades de uma ampla variedade de stakeholders. Esses stakeholders incluem pacientes, pagadores, fornecedores, funcionários e reguladores. Executivos do segmento de life science, como na maioria dos setores, já dizem que o cliente, ou paciente, é tão ou mais importante que os acionistas na hora de formular estratégias, embora seja menos provável (65% dos entrevistados do segmento de ciências da vida ante 69% dos entrevistados de todos os setores) que eles digam o mesmo dos funcionários.

Os fornecedores, por sua vez, são stakeholders que as empresas de life science estão significativamente mais inclinadas (75% x 54%) a dizer que são tão ou mais importantes que os acionistas, especialmente tendo em vista o potencial de reverter a globalização das cadeias de suprimento, a fim de garantir suprimentos locais de importantes dispositivos médicos e fornecedores de suprimentos médicos. A importância dos fornecedores pode ser vista em uma empresa farmacêutica global, que está sendo ajudada pela equipe da EY no processo de socialização organizacional de 50 fornecedores diretos e fabricantes contratados nos EUA e na Europa, para melhorar a flexibilidade da cadeia de suprimento. Em alguma medida surpreendente para um setor altamente regulado, os executivos da área de ciências da vida estavam menos propensos do que outros entrevistados a dizer que as exigências regulatórias e governamentais eram tão ou mais importantes que as dos acionistas (63% x 65% entrevistados de todos os setores).

Importância dos clientes

84%

dos entrevistados dizem que os clientes são tão ou mais importantes que os acionistas na hora de formular a estratégia.

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Para executivos da área de Life Sciences, o foco em todos os Stakeholders precisa ser aprofundado. Em particular, fornecedores — já que preocupações de segurança de longo prazo da cadeia de suprimentos tornaram-se uma prioridade essencial. Três quartos (75%) dos entrevistados disseram que os fornecedores são tão ou mais importantes que as partes relacionadas na hora de formular as estratégias.

2. Abrace a dinâmica de mudança do ecossistema de life sciences

Trabalhar com parceiros é fundamental para se tornar um indutor no ecossistema de life sciences. Parcerias são essenciais, seja para que empresas maiores preencham o canal de fornecimento de novos produtos, seja para que startups monetizem e comercializem tratamentos inovadores. Empresas da área de ciências da vida são mais propensas do que outras entrevistadas a usar joint ventures (48% x 43%).

À medida que o ecossistema evolui, um espírito de “co-opetição” deve ser incluído na formulação de estratégias. Embora empresas possam competir em uma área, existem oportunidades para esses concorrentes se tornem parceiros em outras circunstâncias. A pandemia trouxe especificamente um ambiente que colocou claramente a obtenção de uma terapia ou vacina para pacientes à frente de preocupações comerciais. Isso pode se tornar um modelo no futuro para trazer outras inovações ao mercado de modo a beneficiar todos os stakeholders.

Sem dúvida, já existem exemplos de ocorrência disso no setor. Por exemplo, a Ernst & Young LLP tem apoiado uma empresa farmacêutica global que firmou um acordo de co-desenvolvimento com uma empresa de biotecnologia, para desenvolver e comercializar uma terapia de câncer personalizada, de próxima geração, ajudando a desenvolver um modelo operacional, a fim de apoiar a gestão e implementação desse produto em todo o mundo.

Executivos de Life sciences precisam entender as capacidades básicas de suas empresas, determinar onde eles precisam de ajuda e estar disponíveis para abraçar a “co-opetição” que pode ajudar todo o setor a progredir com eles rumo a liderança.

3. Aumentar as diversas capacidades da diretoria executiva, para desenvolver e implementar a estratégia de maneira impecável

Era mais provável (28% x 18%) que as empresas de life sciences tivessem criado a função de diretor de inovação do que os entrevistados de todos os outros setores. Mas isso não causa surpresa, visto que o setor está investindo 17% de suas receitas em P&D, para desenvolver um canal de fornecimento de produtos bem-sucedido. A função também está surtindo efeitos: 90% daqueles que incluíram essa função dizem que isso resultou em um impacto importante ou moderado.

Ao mesmo tempo, quando comparadas aos entrevistados globais, as empresas da área de life sciences deixam a desejar na inclusão da função de diretor de informações digitais (11% x 20%), o que pode deixá-las em desvantagem. Ao longo da última década, a digitalização tem sido uma área de foco no segmento de ciências da vida, porém a pandemia reforçou a importância do modelo de negócios digitais, dos testes clínicos digitais e das cadeias de suprimentos digitais, além de acelerar a utilização de processos digitais no setor biofarmacêutico. Espera-se que essa tendência continue e, em última análise, o setor alcance os outros.

Entre as empresas de ciências da vida que se consideram de alto desempenho, metade diz que planeja digitalizar suas operações no curto prazo, apesar da disrupção causada pela pandemia. Esse compromisso pode aprimorar as eficiências operacionais e reduzir os custos em toda a cadeia de valor farmacêutica, desde a automação das operações da cadeia de suprimento até a alavancagem da tecnologia para pesquisa e desenvolvimento, comercialização, conformidade regulatória e funções de suporte, passando pelo uso da Internet das Coisas (IoT), a aprendizagem de máquina, inteligência analítica e ferramentas de automação inteligente.

Impacto de novas funções da diretoria executiva

86%

das empresas que disseram que incluíram funções de Diretor de Transformação, Diretor de Inovação e Diretor de Crescimento ao longo dos últimos cinco anos afirmaram que essas funções têm tido um impacto importante ou moderado.

Embora medidas tenham sido tomadas, para incluir novas funções na diretoria executiva, a fim de desenvolver e implementar estratégias, ainda há muito a fazer. Acrescentar funções, como diretor de informações digitais e diretor de inovação, pode ajudar a trazer para o debate pontos de vista necessários, a fim de desenvolver uma estratégia de longo prazo sustentável.

4. Modernizar a organização, para que se mova à velocidade do pensamento

A pandemia destacou a necessidade de se mover mais rápido no que diz respeito ao desenvolvimento e adaptação de estratégias. As cadeias de suprimento precisam estar mais seguras, e o desenvolvimento de produtos precisa ser capaz de se adaptar, com o objetivo de tratar de áreas de necessidade imediata.

Tem havido algum progresso: 41% estão implementando processos ágeis na organização. Ao mesmo tempo, 47% dizem que aumentarão a velocidade da realocação de capital. Mas é preciso que mais deles adotem essas práticas.

Executivos de life sciences precisam reotimizar o portfólio, para preencher lacunas de competências, considerar se e como repatriar a cadeia de suprimento, aprimorar as competências digitais por meio de parcerias ou aquisições, e certificar-se de que os processos internos estejam otimizados, a fim de propiciar uma resposta mais ágil para choques e oportunidades. 

Oito ações essenciais para reimaginar e realizar a sua estratégia de longo prazo

  1. Entender a totalidade do seu ecossistema e concorrer e inovar de maneira eficaz
  2. Foco no retorno total das partes interessadas para melhorar o valor da firma
  3. Desenvolver inteligência analítica dinâmica para planejamento estratégico que consiga prevenir melhor a disrupção
  4. Injetar agilidade no DNA da sua organização, para aumentar a adaptabilidade
  5. Criar um repertório de playbooks, para promover o ROI de todos os tipos de parcerias e transações
  6. Retrabalhar processos essenciais, como gestão de riscos, controles internos, da área jurídica e de conformidade, para aprimorar o valor do seu ecossistema
  7. Alinhar a estratégia digital com a estratégia empresarial, para desbloquear todo o potencial
  8. Preparar um novo design para o processo de alocação de capital, a fim de ampliar a realocação de capital mais rápida

Resumo

A fim de prosperar no futuro pós-pandemia, as empresas de ciências da vida precisam ficar mais próximas de todas as partes interessadas, inclusive fornecedores. Certifique-se de que os executivos com as competências necessárias, como digitalização e inovação, participem da formulação da estratégia, e mude qualquer processo interno que atrapalhe uma estratégia ágil.

Sobre este artigo

Por Juan Uro

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