As perspectivas para o open insurance: por que a digitalização e o compartilhamento de dados são decisivos para a modernização completa do setor

Autores
Nuno Vieira

Líder de Consultoria em Seguros da EY para LAS

Especializado em inovação para gestão de riscos. Mentalidade analítica. Entusiasta da culinária. Dois filhos.

Isabelle Santenac

EY Global Insurance Leader

Passionate transformation insurance leader. Inspiring the next generation of female leaders. Proud mother of three. Trail runner. Golfer. Skier. Loves traveling and cooking.

2 Minutos de leitura 3 set 2021
Related topics Seguradoras

Os executivos mais arrojados do setor de seguros têm explorado diversos novos modelos de negócio e ofertas de produtos na busca pelo crescimento, após uma década de estagnação.

Os ecossistemas são uma área proeminente de investimentos e experimentação, pois permitem às seguradoras oferecerem aos seus clientes uma variedade maior de serviços a partir de experiências digitais ricas e personalizadas. Modelos de assinatura, que dariam aos consumidores produtos e recursos flexíveis e customizáveis, constituem outro ponto focal de inovação.

Mas os sistemas tecnológicos de legado representam uma grande barreira para o desenvolvimento desses novos modelos de negócio e a modernização do portfólio de produtos. Em alguns casos, digitalizar processos requer implementações de tecnologia que são custosas e trabalhosas, acessíveis a poucas seguradoras e levam muito tempo para serem concluídas. Os ecossistemas são vistos como uma possível solução, porém somente se as seguradoras puderem facilmente trocar dados com as insurtechs e outros parceiros.  

O “open insurance” pode ser a solução para enfrentar esses desafios e iniciar uma nova era de inovação no setor. Tal qual o “open banking”, o open insurance impulsionaria a portabilidade e acessibilidade dos dados de consumidores entre as diferentes instituições e players do mercado, com base em permissões dos consumidores e utilização de interfaces de programação de aplicações (APIs).

O princípio fundamental aqui é que os consumidores são os proprietários dos seus dados. No open insurance, os consumidores poderiam revisar continuamente suas opções de preços e apólices entre múltiplas seguradoras, tendo incluisive a opção de uma única visão unificada de todas as suas coberturas e contas.

Note que o open insurance ainda está em fase inicial de discussão, até mesmo em mercados nos quais o open banking já atingiu maturidade. No Reino Unido, por exemplo, uma associação de corretores tem pressionado para incluir seguros, planos de aposentadoria e investimentos sob um conceito mais amplo de “open finance”, e o Financial Conduct Authority, órgão que regula o setor de serviços financeiros no Reino Unido, tem realizado consultas públicas. Na Austrália, o sistema Consumer Data Right (CDR) poderá ser estendido a produtos de seguro. Nesses dois países, os reguladores saíram na frente; em outros mercados, como os EUA e o Japão, há iniciativas lideradas pelo mercado em andamento.

No Brasil, seguradoras e reguladores têm trabalhado juntos, de maneira proativa, para estabelecer sistemas e políticas de open insurance que beneficiarão todos os stakeholders. Algumas orientações regulatórias iniciais foram emitidas em julho de 2021. Vários players do mercado, incluindo a EY, estão desenvolvendo as estruturas de governança e os padrões de interoperabilidade necessários, como base nas estruturas de open banking existentes. Os requisitos de produtos, dados pessoais e compartilhamentos de dados devem ser concluídos em meados de 2022, com expectativa de serem implementados em 2023.

Embora diversos detalhes jurídicos, técnicos e logísticos ainda precisem ser definidos, acreditamos que o open insurance se tornar uma realidade é uma questão de quando, e não se. O empoderamento cada vez maior dos consumidores, a concorrência mais intensa e a alta comoditização de produtos tradicionais podem soar como ameaças a alguns profissionais do setor. No entanto, o open insurance eliminará várias barreiras à inovação e instigará o desenvolvimento da próxima geração de propostas de valor e modelos de negócio, sobre os quais os executivos e analistas do setor têm falado há anos.

Para além de colaborar com reguladores, as seguradoras podem se preparar para o open insurance ao adotarem a tecnologia, os talentos e as formas de trabalho que serão necessários para o sucesso. Elas podem colaborar com as insurtechs para a integração de novas fontes de dados, melhoria de elementos da experiência do consumidor, expansão de apólices por uso e inclusão de recursos ajustáveis. Metodologias ágeis de desenvolvimento, incluindo o pensamento “test and learn” e lançamentos de produtos minimamente viáveis, devem passar a ser a norma. Plataformas de desenvolvimento modular e APIs avançadas permitirão a inovação em escala ao facilitarem a conexão entre parceiros e o desenvolvimento de ecossistemas. Esses recursos serão essenciais na era do open insurance; por isso, as seguradoras precisam começar a desenvolvê-los agora.

 

Ponto essencial: aumentar o valor para o consumidor

Acreditamos que o open insurance dará às seguradoras a oportunidade de fortalecerem a relevância de sua marca ao melhorarem o valor fundamental que oferecem aos consumidores. Conforme as seguradoras e os reguladores continuam desenvolvendo uma visão operacional viável, eles abrirão espaço para uma indústria de seguros mais dinâmica, propositada e focada no consumidor, que acreditamos ser possível.

Acesse a página Open Finance da EY e veja mais de nossos insights.

Resumo

Os executivos do setor de seguros têm explorado diversos novos modelos de negócio e ofertas de produtos na busca pelo crescimento, após uma década de estagnação. A digitalização e o compartilhamento de dados serão fatores decisivos para uma modernização completa da área.

Sobre este artigo

Autores
Nuno Vieira

Líder de Consultoria em Seguros da EY para LAS

Especializado em inovação para gestão de riscos. Mentalidade analítica. Entusiasta da culinária. Dois filhos.

Isabelle Santenac

EY Global Insurance Leader

Passionate transformation insurance leader. Inspiring the next generation of female leaders. Proud mother of three. Trail runner. Golfer. Skier. Loves traveling and cooking.

Related topics Seguradoras