Capítulo 1
A maioria das empresas carece de divulgações de alta qualidade
Os setores com a exposição mais significativa ao risco de transição, em geral, pareciam ter um nível de divulgação mais elevado.
A boa notícia é que essa análise mostra que duas em cada três empresas avaliadas começaram a divulgar os riscos relacionados às mudanças climáticas. No entanto, a desvantagem é que a qualidade das divulgações foi relativamente baixa, com uma pontuação média de 31%.
Em cada um dos elementos do TCFD – governança, estratégia, gestão de riscos e métricas e metas – os resultados mostram que, em média, as empresas apresentaram melhores relatórios sobre "metas" e "métricas" (principalmente impulsionadas pelos relatórios sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos Escopos 1 e 2) e "governança". As divulgações relativas à "estratégia" e à "gestão de riscos" foram as menos desenvolvidas. Provavelmente, como esses componentes são mais complexos, eles requerem análises detalhadas sobre como as mudanças climáticas irão impactar um negócio e como está sendo respondido.
Os setores com a exposição mais significativa ao risco de transição (ou seja, os setores com exposição direta às cadeias de abastecimento de combustíveis fósseis ou com substitutos de baixo carbono facilmente acessíveis), a mineração, a manufatura, os transportes e a energia, apresentaram uma pontuação mais elevada de modo geral. Esses setores têm enfrentado a maior parte do ativismo das partes interessadas em torno de melhores divulgações climáticas. Iniciativas, como ações judiciais e resoluções de acionistas relacionadas a riscos climáticos, têm sido direcionadas para a maior organização global dentro desses setores. Estas iniciativas parecem ter melhorado o nível de divulgação em comparação com os outros setores objeto da presente análise.
Os setores de manufatura e transportes são grandes contribuintes das emissões globais de combustíveis fósseis. Certas indústrias desses setores também estão expostas à concorrência das tecnologias de baixo carbono, como a eletrificação e a produção eficiente em termos de recursos. A resposta aos desafios dessas tecnologias disruptivas parece ter levado a uma melhor gestão de riscos e divulgação de estratégias por parte de algumas empresas desses setores, os quais apresentaram riscos e oportunidades climáticas mais bem definidos e, em alguns casos, incluíram divulgações a respeito de prazos e da quantificação dos impactos potenciais.
Curiosamente, o setor de telecomunicações obteve a maior pontuação em termos de cobertura e a segunda maior em qualidade. É possível que isto se deva ao fato de que esse setor, mais do que qualquer outro, aproveita as oportunidades associadas à transformação de baixo carbono em toda a economia, além dos potenciais impactos nas redes físicas do setor. Assim, os incentivos à divulgação dizem respeito tanto aos aspectos positivos quanto aos negativos.
No outro extremo do espectro, os proprietários e gestores de ativos eram os que apresentavam um fraco desempenho. Essa constatação é consistente com as constatações do relatório do Barômetro de Divulgação de Riscos Climáticos australiano da EY e destaca uma questão global com as divulgações de riscos climáticos das empresas desse setor. Isso apesar de iniciativas bem estabelecidas voltadas para investidores, como o Compromisso de Montreal (Montreal Pledge) e a Coalizão pela Descarbonização de Portfólios (Portfolio Decarbonization Coalition).
Há uma série de razões potenciais para que este setor esteja atrás de outros. Um foco tradicional na divulgação de riscos de curto prazo e complexidades na agregação de riscos de mudanças climáticas em todos os setores ou organizações em um portfólio pode ter contribuído para a lentidão da resposta do setor. Também pode haver uma opinião de que o setor pode responder mais fácil e rapidamente aos riscos. Por exemplo, é mais fácil reequilibrar um portfólio para um gestor de ativos do que seria passar de uma geração de energia baseada em combustíveis fósseis para um perfil de carbono mais baixo. No entanto, quanto mais lenta for a resposta desse setor às implicações econômicas sistêmicas das alterações climáticas, menor será a probabilidade de gerir a transição necessária. Os proprietários e gestores de ativos que respondem cedo têm mais probabilidade de obter valor dessa transição.
Capítulo 2
A qualidade das divulgações das mudanças climáticas varia de país para país
As pontuações para as divulgações de mudanças climáticas em mercados maduros são mais altas principalmente devido à regulamentação, mas pode haver outros fatores.
Em média, as pontuações de cobertura para empresas de mercados onde as divulgações de mudanças climáticas são relativamente maduras, como Reino Unido, França, Alemanha, Suíça e Austrália, foram as mais altas. Curiosamente, os EUA obtiveram uma pontuação elevada, apesar da falta de diretrizes políticas coordenadas para toda a economia.
Uma das principais questões originadas na análise é se as pontuações altas se devem principalmente ao fato de uma economia ser mais desenvolvida ou se existem outros fatores em jogo. O fato de os países escandinavos terem tido uma pontuação visivelmente mais baixa, enquanto a África do Sul teve uma pontuação comparativamente mais alta, sugere que há mais fatores envolvidos do que somente a maturidade da economia. O Reino Unido, a França, a Alemanha, a Suíça e a Austrália já têm em vigor há algum tempo regulamentos de divulgação obrigatória, enquanto a África do Sul também implementou requisitos de divulgação integrada obrigatória. Embora o fator nos EUA não tenha sido necessariamente a regulação, a prevalência de resoluções de acionistas e a ameaça de ações coletivas tiveram um impacto semelhante.
Assim, talvez os regulamentos prévios referentes a relatórios não-financeiros sejam o fator crítico. É provável que isso seja verdadeiro em economias como a Índia e os Emirados Árabes Unidos. Porém, esta talvez não seja a história completa.
Em outros países ou regiões, como a China continental, Singapura, Hong Kong e Coreia do Sul, as empresas tiveram, em média, pontuações significativamente inferiores às de outras regiões, apesar de contarem com alguns requisitos obrigatórios. Isso também não explica a razão para que os resultados dos países escandinavos sejam mais baixos. A realidade é que outros fatores contribuintes incluem:
- A maturidade do regulamento e se é específico em relação às alterações climáticas (por exemplo, China continental, Singapura e Hong Kong, onde os requisitos de divulgação obrigatória são bastante generalizados)
- A maturidade da divulgação entre empresas, em vez de estar limitada apenas aos líderes de mercado (por exemplo, na Austrália, França, Reino Unido e Alemanha, onde existe uma maior profundidade na maturidade das divulgações)
- O risco potencial de litígio em uma economia (por exemplo, porque o risco de litígio é alto nos EUA e baixo na China)
A história da qualidade não é tão boa quanto a da cobertura. Mesmo nos países com melhor desempenho, como a Austrália e a França, ainda há um longo caminho a percorrer, para que as empresas cumpram a maioria das recomendações do TCFD. As pontuações extremamente baixas em países fundamentais, como Índia, China continental e Coreia do Sul, bem como pontuações ainda mais baixas em partes da Europa, EUA e Canadá, significam que os investidores provavelmente não terão as informações necessárias para tomar decisões sobre a maior parte de seus portfólios.
Capítulo 3
As divulgações relativas a riscos físicos ficam atrás de riscos de transição
Os riscos físicos são negligenciados nos modelos de avaliação e, muitas vezes, são omitidos das divulgações estratégicas e de gestão de riscos.
As divulgações mais comuns identificadas estavam relacionadas com o monitoramento e a gestão das próprias emissões de uma entidade. Muitas empresas também identificaram riscos de transição que afetam diretamente seu setor ou as cadeias de suprimentos das quais dependem. Estes riscos de transição foram geralmente os riscos modelados na análise de cenários (quando realizada). Uma das principais razões para uma consideração mais consistente do risco de transição é que as escalas de tempo durante as quais as empresas e os setores podem sentir as consequências são mais imediatas. Os riscos de transição estão geralmente associados a medidas de "atenuação", o que, por definição, significa mais medidas tomadas para reduzir a probabilidade e a consequência de futuras consequências físicas. Assim, embora em alguns setores, as empresas tenham considerado as implicações físicas de um clima em mudança, ainda não integraram plenamente esses riscos em seus modelos de avaliação.
A nossa análise identificou, no entanto, que os riscos físicos não apenas são negligenciados nos modelos de avaliação, mas, muitas vezes, completamente omitidos nas divulgações prospectivas estratégicas e de gestão de riscos. O principal risco a longo prazo para muitos setores de alto risco é o físico, e essa falta de compreensão e divulgação sublinha uma lacuna significativa na qualidade das divulgações atuais.
A análise de cenários foi mencionada nas divulgações de muitas das maiores entidades globais. No entanto, foi principalmente no contexto no qual elas esperavam realizar a análise no futuro. Em outros casos, nenhum detalhe foi dado em torno dos cenários analisados ou dos resultados da modelagem. Várias organizações também divulgaram seu apoio a um futuro de 2 ºC, mas não disseram como seus negócios estavam alinhados com essa economia. Nos casos em que as empresas haviam efetuado uma análise pormenorizada dos cenários, em geral, estes tratavam apenas dos riscos de transição. Essas omissões reduziram a pontuação da qualidade das divulgações estratégicas.
Capítulo 4
As divulgações ainda não foram incorporadas nos arquivamentos financeiros
Apesar das recomendações do TCFD, há uma série de razões pelas quais a maioria das empresas não incluiu as divulgações em seus relatórios anuais.
As recomendações do TCFD requerem que as divulgações sejam feitas nos arquivamentos de relatórios financeiros, juntamente com outras divulgações financeiras. Este elemento das recomendações do TCFD ainda não foi amplamente implementado.
Algumas empresas incluíram suas divulgações no relatório anual, como parte de uma discussão sobre a estratégia empresarial, como parte do relatório da administração ou na análise financeira e operacional (que inclui uma descrição das perspectivas futuras do negócio). No entanto, a esmagadora maioria fez a divulgação no âmbito de relatórios não financeiros, por exemplo, relatórios de sustentabilidade, ou de relatórios do Carbon Disclosure Project (CDP).
Apesar das recomendações do TCFD, há uma série de razões pelas quais a maioria das empresas não tomou a iniciativa de incluir as divulgações nos seus relatórios anuais ou nos relatórios da administração. A relativa imaturidade dos processos para capturar e relatar os riscos das mudanças climáticas é provavelmente uma das razões, bem como a dificuldade em estabelecer prazos sobre as potenciais implicações dos riscos físicos ou da transição. Também pode ser difícil traduzir estes riscos em implicações financeiras. No entanto, é provável que as resoluções dos acionistas, a aplicação das regras de registro e o enfoque dos reguladores obriguem as empresas a alterar esta situação nos próximos períodos de divulgação.
Capítulo 5
Visão geral setorial
Visão geral por setor-chave em relação à cobertura e a qualidade das divulgações dos riscos climáticos.
Para mais informações sobre as nossas conclusões, faça o download do nosso relatório completo.
Bancos
Setor bancário
61%das recomendações do TCFD foram abordadas, com uma pontuação de qualidade de 30%.
- Em geral, a qualidade das divulgações de risco climático dos bancos ficou atrás dos setores líderes, como telecomunicações e energia, mas recebeu a maior pontuação de qualidade no setor financeiro.
- As divulgações dos bancos australianos estavam substancialmente à frente das divulgações dos bancos de outras regiões, principalmente devido à inclusão de divulgações a respeito da análise de cenários.
- Os bancos da Finlândia, China continental e Emirados Árabes Unidos foram os que tiveram um desempenho abaixo de 10% pela qualidade das suas divulgações de riscos climáticos.
- O projeto piloto do TCFD da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, voltado aos bancos, parece ter melhorado as divulgações dos membros do programa junto a seus pares.
- A maioria dos bancos apresentou respostas ao CDP, que foi a fonte mais comum de divulgações.
- Os bancos com melhor desempenho foram os que incluíram divulgações estruturadas do TCFD em relatórios independentes ou relatórios de sustentabilidade.
- De modo geral, as divulgações excluíam riscos físicos, que poderiam constituir um risco significativo para o setor bancário, tendo em conta seus grandes portfólios hipotecários.
Seguradoras
Seguros
63%das recomendações do TCFD foram atendidas, com uma pontuação de qualidade de 31%.
- As pontuações das seguradoras na divulgação dos riscos climáticos foram, em média, semelhantes às dos bancos e abaixo dos principais setores, como energia e telecomunicações. No entanto, as seguradoras tiveram pontuações relativamente altas na área de estratégia.
- As seguradoras da China continental, Singapura, Hong Kong e Índia tiveram desempenho abaixo do esperado, pontuando abaixo de 10% pela qualidade de suas divulgações.
- As seguradoras que receberam as pontuações mais elevadas de qualidade tenderam a ter relatórios de risco climático ou páginas web separadas e eram signatárias das recomendações do TCFD.
- As divulgações de riscos físicos foram mais comumente referenciadas do que em outros setores, o que não é surpreendente devido a sua relevância para o setor de seguros. No entanto, essas divulgações geralmente forneciam muito pouco detalhe sobre como os riscos eram monitorados e gerenciados.
Proprietários e gestores de ativos
Proprietários e gestores de ativos
44%das recomendações do TCFD foram abordadas, com uma pontuação de qualidade de 19%.
- Os proprietários e gestores de ativos obtiveram a pontuação mais baixa em qualidade nas divulgações de risco de mudanças climáticas em todos os setores avaliados.
- Os proprietários e gestores de ativos da maioria dos países receberam pontuações de qualidade entre 20% e 30%, com os da Finlândia, Itália, China continental, Índia, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos pontuando abaixo de 10% em média.
- Alguns grandes fundos de pensões, que supervisionam principalmente as pensões dos setores públicos, tiveram, em média, um melhor desempenho do que seus pares. Isso deve-se a uma maior pressão e conscientização das partes interessadas e a uma perspectiva a longo prazo das estratégias de investimento.
- A baixa pontuação, tanto na cobertura como na qualidade dos proprietários e gestores de ativos, é surpreendente, uma vez que o setor normalmente promove divulgações mais amplas e consistentes. No entanto, isso não se traduziu na elaboração de relatórios sobre seus próprios riscos e oportunidades.
- Nos relatórios dos riscos de transição para investimentos e emissões do portfólio, as pegadas realizadas foram referenciadas pelas empresas com melhor desempenho.
- Os riscos físicos aos investimentos foram raramente mencionados nas divulgações.
Agricultura, alimentação e produtos florestais
Agricultura, alimentação e produtos florestais
59%das recomendações do TCFD foram abordadas, com uma pontuação de qualidade de 28%.
- De modo geral, o setor agrícola mostrou uma boa cobertura dos quatro componentes das recomendações do TCFD (todos acima de 50%). No entanto, o nível global de qualidade foi muito inferior, especialmente em relação aos aspectos de governança e de estratégia. A diferença observada entre a cobertura e a qualidade pode ser parcialmente explicada pelas empresas de países como a África do Sul e a Dinamarca, que abordaram a maioria das recomendações do TCFD com baixa qualidade de divulgação.
- Os países identificados como tendo os melhores desempenhos neste setor são a Austrália, a França e o Japão, o que é provável devido aos regulamentos em vigor para o setor nessas economias.
- A maioria das empresas da Ásia (Coreia do Sul, Hong Kong, Índia e China continental), bem como o Canadá e a Itália, foram as que obtiveram a menor pontuação em termos de desempenho, com quase 10% ou menos de qualidade.
Energia
Energia
71%das recomendações do TCFD foram abordadas, com uma pontuação de qualidade de 39%.
- Em geral, a energia é um dos setores com melhor desempenho, ao lado dos setores de mineração, manufatura e transporte. Tem a maior pontuação relativa à estratégia em termos de cobertura e a segunda maior pontuação relativa à estratégia em termos de divulgação (atrás da mineração).
- Apesar da escala do risco para este setor, as pontuações de qualidade ainda eram comparativamente baixas.
- França e Japão foram líderes claros, mas outros países também tiveram bons desempenhos, como Austrália, África do Sul e Itália. Os Emirados Árabes Unidos e Singapura apresentaram um desempenho insatisfatório, pontuando abaixo de 10% em qualidade.
- O bom desempenho geral do setor de energia pode ser explicado pelo fato de que este painel inclui grandes empresas de petróleo e gás, bem como empresas de energia, que têm sido cada vez mais desafiadas pelos investidores e pela sociedade civil em relação a sua exposição aos riscos climáticos (especialmente, os riscos de transição). Esses riscos têm afetado seu modelo de negócio principal há vários anos e, portanto, são bastante maduros na divulgação de informações relacionadas ao clima, com alguns deles até mesmo realizando análises de cenários.
Manufatura
Manufatura
65%das recomendações do TCFD foram abordadas, com uma pontuação de qualidade de 34%.
- De modo geral, a indústria de manufatura tem a terceira melhor pontuação dos principais setores do TCFD tanto em termos da cobertura das principais recomendações do TCFD quanto da qualidade das divulgações, atrás dos setores de mineração e energia.
- Empresas da França e dos EUA estavam ligeiramente à frente das outras em termos de qualidade das divulgações, e foram as mais bem alinhadas com as recomendações do TCFD sobre os aspectos da gestão de risco, metas e métricas.
- As empresas de manufatura da China continental, de Hong Kong e de Singapura não estão avançadas nas suas divulgações e dificilmente responderam às recomendações do TCFD. As empresas canadenses também tiveram um desempenho fraco neste setor, com uma pontuação inferior a 5% para a qualidade.
Setor imobiliário, edifícios e construção civil
Setor imobiliário, edifícios e construção civil
51%das recomendações do TCFD foram abordadas, com uma pontuação de qualidade de 23%.
- Em termos globais, as empresas de construção têm a segunda pontuação mais baixa – tanto em termos de cobertura como de qualidade das respostas (e os setores não financeiros tiveram a pontuação mais baixa).
- A França foi claramente o país com melhor desempenho, com empresas que cobriam todas as recomendações do TCFD e forneciam informações detalhadas e bem articuladas sobre os processos e estratégias de gestão dos riscos relacionados com o clima.
- Das 47 empresas, 16 ficaram abaixo de 5% pela qualidade global da divulgação dos seus riscos climáticos. Estas empresas estão localizadas principalmente em Singapura, Hong Kong, EAU e China.
- Alguns dos melhores avaliadores realizaram análises de cenário. As respostas do CDP foram tipicamente a fonte de informação. Apenas um punhado de empresas no painel mencionou explicitamente os riscos físicos, que podem ser significativos para o setor dos edifícios, com necessidades crescentes de resiliência dos edifícios e infraestruturas.
Mineração
Mineração
78%das recomendações do TCFD foram abordadas, com uma pontuação de qualidade de 44%.
- O setor mineiro foi o que teve melhor desempenho nos principais setores do TCFD, tanto em termos da cobertura das recomendações do TCFD como da qualidade das divulgações.
- As empresas da Austrália e do Canadá obtiveram as pontuações mais altas em qualidade e cobertura, o que não é surpreendente dado o fato de que as maiores empresas de mineração globais estão sediadas lá. Essas empresas tiveram uma pontuação particularmente boa em comparação com outras em estratégia e metas e métricas.
- O Reino Unido e a África do Sul também abordaram a maioria das recomendações do TCFD, alcançando uma pontuação elevada na cobertura. No entanto, a qualidade das divulgações estava atrasada em comparação com a Austrália e o Canadá.
- As empresas de mineração de Singapura e Coreia do Sul foram as que tiveram desempenho abaixo de 10%.
Transporte
Transporte
62%das recomendações do TCFD foram abordadas, com uma pontuação de qualidade de 32%.
- De um modo geral, o setor dos transportes foi um dos setores-chave do TCFD com maior desempenho em termos de qualidade, atrás do setor mineiro e da indústria transformadora.
- A França, a Alemanha e os EUA apareceram como líderes neste setor em comparação com outros países, com pontuações elevadas na qualidade das quatro componentes do TCFD.
- As divulgações menos detalhadas vieram de empresas da Ásia (por exemplo, China e Singapura), com pontuações de qualidade inferiores a 10%.
- Metade das empresas avaliadas respondeu ao CDP, e tendeu a obter melhores pontuações de qualidade em comparação com as empresas que não responderam.
Telecomunicações e tecnologia
Embora não seja um setor chave no âmbito das recomendações do TCFD, as telecomunicações e a tecnologia emergiram como líderes em resposta às mudanças climáticas. Com um desempenho superior ao de outros setores em duas áreas principais:
- Identificação do risco climático: riscos regulamentares comuns que conduzem ao aumento dos custos da eletricidade e dos riscos físicos decorrentes do aumento dos danos nas redes expostas a condições meteorológicas extremas.
- Objetivos de redução das emissões: o setor tem sido objeto de várias iniciativas destinadas a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, o que parece estar tendo um impacto na qualidade dos objetivos fixados pelo setor.
Varejo, saúde e bens de consumo
Mais uma vez, embora não seja um setor chave no âmbito das recomendações do TCFD, estas empresas têm cadeias de abastecimento complexas que estão expostas a riscos físicos e de transição das alterações climáticas. Embora a qualidade geral dos divulgadores fosse média, houve alguns líderes e executantes da semana que merecem destaque:
- Os líderes são constituídos por empresas retalhistas e farmacêuticas francesas, alemãs e britânicas. Estes estabeleceram processos de governação para gerir os riscos da cadeia de abastecimento e desenvolveram estratégias para gerir os riscos climáticos nas suas cadeias de abastecimento. Essas empresas também se saíram bem no desenvolvimento de métricas e metas para incorporar o desempenho ESG nos cálculos de remuneração e medir e gerenciar o impacto de sua cadeia de suprimentos mais ampla.
- As empresas com fraco desempenho eram principalmente empresas domiciliadas na Ásia, sendo que várias da China e da Índia não divulgaram informações sobre riscos climáticos.
Capítulo 6
O que vem a seguir?
Uma organização deve ter uma compreensão clara da amplitude e magnitude dos impactos financeiros das mudanças climáticas.
Por onde começar?
A divulgação dos riscos relacionados com o clima provavelmente requer mudanças nos processos de governança e avaliação de riscos (de acordo com as recomendações do TCFD). Pode levar vários anos para que uma organização esteja em condições de gerar informações valiosas para os investidores e acionistas, ajudando-os a tomar decisões informadas. Quanto mais cedo sua empresa embarcar nessa jornada e fornecer uma plataforma para ajudar a educar diretores e gerentes sobre riscos climáticos, melhor posicionada estará para se envolver com investidores e acionistas sobre os impactos e oportunidades para sua organização.
As empresas que procuram compreender a sua exposição aos riscos climáticos devem pensar nas seguintes questões:
- Quais são as maiores fontes de emissão na minha cadeia de valor?
- Quais são os incentivos, instrumentos ou indicadores que podem me ajudar a alinhar minha estratégia com o road map de 2°C (por exemplo, preço interno do carbono no CAPEX e OPEX, e metas específicas da empresa)?
- Quais são as expectativas dos meus stakeholders em termos de pegada climática e desempenho de carbono (por exemplo, liderar o desenvolvimento de produtos e serviços de baixo carbono, ou divulgar informações exigidas pelos investidores)?
- A que tipo de riscos climáticos o meu negócio está exposto a longo prazo?
- Como meus produtos e serviços serão afetados pelas políticas e metas de carbono? Quais são as estratégias corretas de antecipação e adaptação?
- As políticas climáticas internacionais e os compromissos nacionais estão integrados à minha estratégia de negócios, cadeia de suprimentos ou estratégia de fornecimento?
- Qual é a exposição potencial a novas regulamentações (por exemplo, tributação do carbono ou preço do carbono)? Quais ativos estão em risco (por exemplo, cadeia de suprimentos, produtos ou atividades) e em quais geografias?
- Alguns dos meus produtos ou atividades estão em risco em relação ao mapa de estradas de 2°C? Como posso tornar isso uma vantagem competitiva?
Resumo
As recomendações do TCFD forneceram orientações sobre as divulgações financeiras relacionadas com o clima e as respostas variaram por região e setor. Este instantâneo das divulgações relacionadas a riscos climáticos por mais de 500 empresas em 18 países oferece informações sobre as diferenças de relatórios entre regiões e setores. Os resultados levantam questões sobre a cobertura e a qualidade das divulgações. Isto é particularmente evidente na área da estratégia.