Menos famoso do que o CO2, metano também faz parte do inventário de emissões da COP28

4 Minutos de leitura 18 dez 2023
Por Agência EY

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O metano ou CH4 tem mais de 80 vezes a capacidade de aquecimento do dióxido de carbono nos primeiros 20 anos depois de atingir a atmosfera, motivo pelo qual tem despertado cada vez mais atenção dos cientistas e formuladores de políticas do clima em todo o mundo

Entre as medidas urgentes para combater o aquecimento global citadas pelo global stocktake, o primeiro inventário global de emissões que foi elaborado na COP28, está a redução das emissões de metano até 2030. Ainda que esse gás seja menos famoso ou comentado do que o dióxido de carbono, ele é responsável por pelo menos 25% do aquecimento global proveniente das ações humanas. Além disso, o CH4 tem mais de 80 vezes a capacidade de aquecimento do dióxido de carbono nos primeiros 20 anos depois de atingir a atmosfera. Em outras palavras, embora o CO2 tenha efeito mais duradouro, o metano define o ritmo do aquecimento no curto prazo.

"O metano é emitido durante a produção e o transporte de carvão, gás natural e petróleo. Suas emissões também resultam da pecuária e de atividades agrícolas, do uso da terra e da decomposição de resíduos orgânicos em aterros", diz Ricardo Assumpção, CSO (Chief Sustainability Officer) da EY e líder de ESG e Sustentabilidade, que participou da COP28 como palestrante e moderador de painéis. "Por muitos anos, o metano não recebeu a devida atenção nas discussões sobre mudanças climáticas. A COP28 demonstrou que esse posicionamento mudou, com a comunidade internacional reconhecendo que as reduções de metano são cruciais para o controle do aquecimento global". A concentração de metano na atmosfera está aumentando mais rapidamente do que qualquer outra época desde a década de 1980, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Climate and Clean Air Coalition.

O equivalente a mais de um terço das emissões de metano causadas pelo ser humano é proveniente de esterco e liberações gastroentéricas (processo de digestão dos bovinos), ainda segundo o PNUMA e a Climate and Clean Air Coalition. O crescimento populacional do planeta aumenta o consumo de proteína animal, o que exige a expansão dos rebanhos bovinos, especialmente em países exportadores. O Brasil, que é um dos principais exportadores de carne do mundo, chegou, no ano passado, a 234,4 milhões de cabeças, de acordo com levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), alta de 4,3% em relação ao número de 2021.

O cultivo de arroz em casca também resulta em emissão de metano. Isso porque ocorre em campos inundados, o que evita a penetração do oxigênio no solo, criando condições ideais para bactérias emissoras de metano.

Compromisso assumido pelo Brasil

Caso o mundo seja bem-sucedido na redução das emissões de metano em até 45% ainda nesta década, isso evitará quase 0,3ºC de aquecimento até 2045, contribuindo assim para atingir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5ºC. O Brasil, ao lado de outros 154 países, faz parte da iniciativa Global Methane Pledge (Compromisso Global de Metano, na tradução literal), que se dedica a criar condições para que esse objetivo possa ser atingido.

Na COP28, o Brasil, em reunião, no âmbito da Global Methane Pledge, com John Kerry, Enviado Presidencial Especial para o Clima dos Estados Unidos, se comprometeu a submeter, até o fim do próximo ano, para aprovação do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), as diretrizes para regulamentação das emissões de metano na indústria de petróleo e gás natural.

Novas tecnologias para reduzir emissões de metano

Para controlar as emissões de metano, a adoção de novas tecnologias na produção pecuária e no cultivo agrícola tem sido apontada como a principal solução.

Os pecuaristas podem, por exemplo, fornecer alimentos de maior valor nutricional aos animais para que cresçam mais saudáveis, aumentando a taxa de produtividade do rebanho. Há, ainda, experimentos científicos para viabilizar tipos alternativos de ração que reduzam o metano produzido pelo gado, além de formas de elevar o aproveitamento do esterco para produção de biogás.

Já sobre o arroz em casca, o caminho pode ser, em vez de permitir a inundação contínua dos arrozais, irrigá-los e drená-los três vezes durante a estação de cultivo, limitando assim a produção de metano sem que isso afete a produtividade dos campos.

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