Racionais

Racionais de investimento e a criação de valor


Iniciativas de fusões e aquisições podem catalisar o crescimento das empresas. A formulação do racional de uma transação detém um papel orientador para as empresas envolvidas em M&A.

Líderes de diversos setores enfrentam vários desafios como tensões geopolíticas, interferência política nos mercados e a urgência de soluções para a crise climática. Estes desafios moldam as estratégias de aquisição das empresas, conforme confirmado por 99% dos inquiridos no EY CEO Outlook Survey1 de 2022. Além disso, fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) têm ganho destaque, com 6%1 das empresas inquiridas a revelarem ter abandonado transações devido a preocupações com o ESG no último ano. A gestão proativa de riscos e a resposta a esses desafios são essenciais para o sucesso das empresas. Por isso, muitos executivos estão a reestruturar as suas organizações enquanto aumentam os investimentos transfronteiriços em 45%1 para atingirem os seus objetivos.

De 2020 para 2021, a atividade global de M&A (Mergers & Acquisitions) aumentou mais de 50%. No entanto, o mercado teve uma queda de 32%2 no segundo semestre de 2022 em comparação com o primeiro. Apesar dessa desaceleração, há otimismo para o mercado de M&A em 2023, pois à medida que as avaliações diminuem, as empresas retêm os seus recursos e surgem oportunidades de investimento atrativas. Segundo o EY CEO Outlook Pulse3 mais recente, 46% dos entrevistados planeiam atividades de M&A nos próximos 12 meses.

Neste contexto desafiante, iniciativas de fusões e aquisições podem catalisar o crescimento. No entanto, é crucial implementar uma estratégia de M&A a longo prazo, identificar oportunidades, avaliá-las e executar a integração com sucesso. Cada transação deve ter um racional definido e objetivos alcançáveis, como metas de criação de valor e sinergias. Este aspeto é crítico, por isso, na nossa metodologia de integração, cruzamos a forma como os diferentes racionais que sustentam cada transação individual abordam os desafios corporativos e os desafios de execução associados.

Um exemplo recente envolveu uma empresa internacional que procurou expandir-se para um novo país para superar a saturação de mercado por que passava. Ao adquirir uma pequena empresa no estrangeiro, tornou-se evidente que os novos requisitos técnicos nacionais eram desafios para a sua integração, só resolvidos através de colaboração próxima com entidades com conhecimento local.

Outra lógica comum é a de procurar segmentos de produtos complementares para mitigar perdas em segmentos menos bem-sucedidos e gerar novas fontes de receita. Por exemplo, um retalhista de tecnologia que queria expandir para o segmento de eletrodomésticos adquirindo um player de mercado especializado (“tuck-in”). Nesses casos, a lógica de aumento da receita costuma sobrecarregar a empresa adquirida para um processo de integração rápido, exigindo um planeamento cuidadoso com foco na sua intensidade, evitando efeitos contraproducentes.

Habitualmente em transações "de escala" procuram-se economias de escala em mercados já existentes, com foco nas sinergias de custo e receita. Um exemplo são os supermercados, que, ao expandirem a rede geográfica através de aquisições horizontais, obtêm eficiências de custos. Essa estratégia exige a identificação precoce de sinergias e uma abordagem de integração acelerada para gerir riscos de confiança no potencial do negócio.

Por último, há empresas que entram em novos mercados para revolucionar indústrias. A transição para eletrificação no setor automóvel é um exemplo disso mesmo. O sucesso dessas transações depende da proteção do conhecimento adquirido durante a sua integração.

Em síntese, a formulação do racional de uma transação possui um papel orientador para as empresas envolvidas em M&A superarem os desafios daí decorrentes. Isso porque, quando integrados no racional, eles auxiliam no desenvolvimento de soluções adequadas, pelo que é crucial avaliar minuciosamente as opções estratégicas e alinhá-las com os objetivos antes de se envolverem numa transação.


Resumo

Fatores geopolíticos, sociais e ambientais são fulcrais para a formulação das estratégias de aquisição das empresas. A atividade global de M&A é crucial e deve ser implementada a longo prazo. Através desta estratégia é possível identificar oportunidades, avaliá-las e executar a integração com sucesso. A formulação do racional de uma transação possui um papel orientador para as empresas envolvidas em M&A superarem os desafios daí decorrentes.

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