Trabalhar no metaverso - Ficção científica ou vida real?
Não há dúvida que a revolução tecnológica tem um impacto gigante e que, de dia para dia, surgem inúmeros avanços que nos desafiam a explorar novas possibilidades como o metaverso.
Este é um ambiente virtual imersivo construído por meio de diversas tecnologias, como a realidade virtual, realidade aumentada, hologramas e avatares e surge como a nova evolução da internet, pelo que está pronto para remodelar o mundo.
De acordo com os visionários de algumas empresas como Facebook/Meta, Microsoft, e outras grandes tecnológicas, serão esperados novos níveis de conectividade social, mobilidade e colaboração. Recentes estudos revelam ainda que um quarto da população passará pelo menos uma hora por dia no metaverso em 2026.
Esta nova realidade impactará em diversas dimensões da nossa vida, nomeadamente, nas relações sociais, no entretenimento, na educação, no comércio e no mundo do trabalho. O que me levou a questionar, trabalhar no metaverso será mesmo possível ou estaremos nós num filme de ficção científica?
Bill Gates prevê que a maioria das reuniões virtuais irão evoluir das grelhas de imagem 2D para o 3D com avatares digitais no metaverso. Mas para além disto, qual será o impacto para o mundo do trabalho? Quais poderão ser os benefícios e os desafios que teremos de antecipar?
Refletindo em primeiro lugar nos benefícios, naturalmente que com esta transformação surgirão novas funções, assentes em skills e competências muito relacionadas com a tecnologia, outras ganharão maior influência como, por exemplo, designers gráficos, analistas de sistemas, web developers, entre outras, o que irá trazer novas oportunidades no mercado de trabalho.
O metaverso traz ainda a possibilidade de oferecer experiências sensoriais que poderão impactar positivamente a gestão de pessoas. Tanto ao nível dos processos de recrutamento, através da gamificação e de um ambiente virtual que permita avaliar de forma realistas as competências e o fit do candidato, como ao nível da formação com salas virtuais e experiências de aprendizagem mais impactantes. Ao nível da diversidade e inclusão verifica-se que a realidade virtual permite alargar o leque de oportunidades para pessoas portadoras de necessidades especiais e, com isto, pode tornar-se mais inclusivo.
Adicionalmente, o metaverso poderá potenciar a colaboração e a interação entre pessoas, com a utilização dos avatares que, mesmo a longas distâncias, permitem dialogar e recriar situações reais no mundo virtual.
Relativamente aos desafios que poderemos vir a endereçar, destaca-se por um lado, os elevados recursos tecnológicos e financeiros, que nem todas as organizações têm capacidade de assegurar.
Por outro lado, surgem questões ainda mais complexas como o equilíbrio entre o mundo virtual e o mundo físico e a possível exaustão digital, pelo que terão de continuar a ser desenvolvidas políticas de trabalho que garantam um ambiente saudável. É ainda possível destacar a preocupação com as questões éticas, comportamentais e de privacidade, isto é, potenciais conflitos, assédios, partilha de dados relevantes, entre outros, que têm tendência a expandir-se em ambientes virtuais e será fulcral criar consciência social e guidelines daquilo que é e não é permitido.
Artigo escrito pela pela Beatriz Marques, Manager EY, People Advisory Services.