Uma cultura de inovação energética
Ao longo da última década, alguns países da GCC anunciaram objetivos ambiciosos em termos de energias renováveis. Com o aumento dos requisitos em termos de capacidade energética expectável a uma taxa anual superior a 6% até 2022,2 países da GCC estão a adiantar-se rapidamente na adaptação do seu mix energético. As energias renováveis estão a crescer rapidamente, apoiadas por um forte apoio dos governos que reconhecem a urgência na resolução da procura crescente de energias. Cresce o investimento na exploração de uma maior adoção de tecnologias energéticas, incluindo fotovoltaico solar (PV) e energia solar concentrada (CSP). Esta procura deve-se à vasta disponibilidade na região de recursos solares e acesso a financiamento e leilões que permitiram baixar os preços. O Mercado de rede inteligente da GCC está também a ganhar proeminência, com o armazenamento em bateria a constituir um componente crucial na integração da energia renovável na rede.
Estas iniciativas refletem também o sólido historial da GCC em matéria de inovação e adoção de novas tecnologias — os contadores inteligentes chegaram relativamente tarde à região, mas a sua velocidade de implementação e aceitação pelos clientes foi muito mais rápida do que a registada noutras regiões. E, quem visitou o Dubai recentemente pode confirmar que a adoção de viaturas elétrica (EV) está a acelerar na região — uma tendência impulsionada sobretudo pela ânsia dos consumidores por novas tecnologias do que qualquer benefício económico.
Em particular, a energia solar tem um potencial indubitável na GCC. A região possui algumas das exposições solares mais elevadas do mundo, desfrutando de mais de 300 dias de sol por ano. As centrais de energia solar podem, regra geral, operar cerca de 1.900 horas por ano, o dobro dos níveis típicos na Europa. A vantagem adicional reside no facto de produção solar tender adaptar-se às variações diárias da procura, especialmente relacionadas com elevado uso de ar condicionado. Mais, a região possui terra abundante e um vasto pool de talentos a quem recorrer. Em todos os países da GCC, o investimento em novo solar está, por conseguinte, a aumentar em dimensão e âmbito:
Em finais de 2018, a região tinha 146 GW de capacidade energética instalada, sendo que as energias renováveis contribuíram para menos de 1%.3 Não obstante a grande capacidade, investimentos significativos serão necessários para a geração adicional e a transmissão e distribuição nos anos próximos.4 Nos próximos cinco anos, por exemplo, espera-se que a região invista 55 mil milhões de dólares norte-americanos para conseguir uma capacidade de geração adicional de 43 GW e 34 bilhões de dólares norte-americanos para que a transmissão e distribuição consiga responder à procura crescente.5 A partir desse período, espera-se que o uso de energias renováveis acelere, e prevê-se cerca de 7 GW de capacidade renovável online em princípios de 2020s. A nossa análise sugere que as renováveis podem contribuir para um terço do mix energético da região até 2050, com os PV solares e o CSP solares a contribuírem para 20% destes números, se o ritmo de investimento e compromisso regulamentar se mantiver.
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Conseguirão as empresas da GCC adaptar-se a tempo?
A mudança em setores energéticos da GCC está à porta, prevendo-se que as energias renováveis venham a ter um papel vital nos planos de diversificação económica na região. A questão é — será que as empresas de serviços públicos detidas pelo Estado, verticalmente integradas conseguirão adaptar-se a tempo? Os sinais são positivos. Aqui, as empresas de serviços públicos são diferentes: não se enquadram no estereótipo típico de uma empresa de serviços públicos em crescimento lento. As mesmas operam numa cultura em rápida mutação moldada pela inovação, rápido crescimento e vontade em investir em infraestrutura de elevada qualidade.
Mesmo assim, o sucesso num mercado de novas energias exigirão uma ação decisiva por parte das empresas públicas, com apoio por parte dos governos e reguladores.
Os pontos de ação de empresas de serviços públicos incluem:
Dois pontos de ação para governos e reguladores de modo a permitir uma transição energética suave são:
Ação arrojada é necessária agora
A contagem decrescente já começou para um novo mercado de energia na GCC — um mercado redesenhado a pensar nas renováveis, tecnologias digitais, infraestrutura de rede inteligente e evolução da procura do consumidor. Para os serviços da região, a adaptação a condições muito diferente exigirá ultrapassar alguns desafios significativos, assim como políticas concertadas por parte de governos e reguladores.
Resumo
As empresas de serviços públicos devem decidir agora o papel que desempenharão neste novo mercado energético, e que estratégias de capital e modelos operacionais desenvolverão para enfrentarem as condições em constante mudança. À medida que decisões arrojadas são tomadas sobre a estratégia futura a seguir, o maior risco poderá ser mudar demasiado lentamente — os pontos de inflexão da mudança estão próximos.