Fonte: Eurostat
Em termos de atividade futura, perspetiva-se crescimento acelerado para o ano de 2022 e seguintes, alicerçado na vertente edificável, em face da consolidada competitividade do residencial, logístico e escritórios à escala internacional, e também nos projetos de infraestruturas induzidas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e Plano Nacional de Investimentos (PNI).
É provável que a escalada nos preços dos materiais continue a verificar-se durante o ano de 2022, até se atingir estabilidade em toda a cadeia de abastecimento, particularmente na vertente de logística. O efeito é tendencialmente temporário, mas gera impactos imediatos na tesouraria e na margem dos contratos em curso, colocando o desafio de os renegociar com sucesso para reequilibrar a margem, particularmente no que se refere a contratação publica.
A recorrente escassez de mão de obra (sobretudo, qualificada) deverá continuar a ser um dos maiores desafios do setor e, talvez, aquele que mais urgentemente importa resolver, face ao esperado crescimento do mercado. A revisão das tabelas salariais, a revisão das profissões e categorias profissionais e a conversão dos programas de formação profissional, bem como medidas que facilitem a mobilidade internacional e a captação de mão de obra dos centros de emprego, serão instrumentos relevantes para atrair profissionais nacionais e internacionais, saindo valorizada e dignificada a perceção dos profissionais do setor. No entanto, estima-se que a transição para um modelo de construção de cariz industrial seja inevitável para suprir a escassez de mão de obra a longo prazo.
A transformação digital continuará a moldar a estratégia de longo prazo do setor, que tem assistido à entrada de novos players com abordagens disruptivas, mais agregadoras da cadeia de valor do negócio e alavancadas em tecnologia. O sucesso das empresas do setor dependerá da capacidade de integração das atividades da cadeia de valor do negócio, eliminando custos de distribuição desnecessários, aumentando a produtividade, controlando melhor os prazos de projeto e a qualidade final, alavancando o digital em todos os aspetos das suas operações para maximizarem o conhecimento que pode ser extraído desses dados, permitindo-lhes identificar novas oportunidades e ameaças nas suas cadeias de valor. Neste contexto, investir para renovar os sistemas de informação que permitam consolidar e integrar fluxos de dados, para assegurar a transformação digital, será fundamental.
O desafio da sustentabilidade vai ser o que maior transformação e desafios imprimirá ao setor. Desde logo porque os consumidores exigem cada vez mais produtos que sejam sustentáveis, e a estratégia de alocação de capital dos investidores tem privilegiado projetos sustentáveis, condicionando os projetos dos promotores. A tendência levará ao desenvolvimento de novas técnicas de construção, privilegiando a economia circular, massificação de modelos de produção de matriz industrial (ex: construção modular) e com maior incorporação de materiais sustentáveis e recicláveis. O desafio da sustentabilidade deverá ser encarado como uma oportunidade para alcançar uma vantagem competitiva. Construir edifícios e infraestruturas sustentáveis pode revelar-se um diferenciador chave.
Neste contexto, é fundamental as empresas do setor articularem uma estratégia ESG (Environmental, Sustainable, Governance).
Faça o download do estudo completo em "Portugal: Desafios para 2022 – 3ª edição - Parte II".