Letta e Draghi em Perspetiva: que desafios para a Europa e Portugal?


Os relatórios "Letta" e "Draghi" apresentam soluções para os desafios da Europa, centrando-se na inovação, competitividade e segurança para um futuro mais resiliente.


A produção de trabalhos de fundo sobre os desafios que a Europa enfrenta no mundo contemporâneo tem sido relevante em anos recentes. Os mais recentes ficaram conhecidos por “Relatório Letta” e “Relatório Draghi”.

O principal objetivo do relatório “Much More Than a Market”, preparado sob a orientação do antigo Primeiro-Ministro italiano Enrico Letta (Relatório Letta), foi o de sugerir a introdução de uma quinta nova liberdade fundamental para o mercado único europeu, que assenta na investigação e na inovação.

Já o relatório “The Future of European Competitiveness”, cuja preparação foi orientada por Mario Draghi (Relatório Draghi), antigo Primeiro-Ministro italiano e ex Presidente do BCE, foca-se na competitividade e segurança da Europa, propondo estratégias para fortalecer a posição da região no cenário global, abordando questões hoje decisivas como a inovação, a descarbonização e as políticas de investimento.

Neste enquadramento, a EY-Parthenon coloca estes relatórios em perspetiva, oferecendo uma visão abrangente sobre os desafios e oportunidades que a Europa enfrenta, fornecendo diretrizes para a construção de um futuro mais resiliente e competitivo.

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Relatório Letta
 

Uma das principais novidades do relatório é a proposta de uma quinta nova liberdade fundamental para o mercado único, para além da livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais. Este quinto novo pilar assenta na investigação, na inovação e na educação.

Operacionalizar a quinta liberdade na UE requer uma abordagem multifacetada, que abranja melhorias de infraestrutura, plataformas colaborativas, uma forte política industrial, uma legislação uniforme, iniciativas políticas e um compromisso inabalável para promover a inovação, a ciência aberta e a literacia digital.

A modernização de infraestruturas no setor da energia, o apoio às PME, a integração de setores-chave e o estabelecimento de parcerias público-privadas são outras prioridades destacadas por Letta.

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Relatório Draghi
 

No relatório coordenado por Mario Draghi, alerta-se para os grandes desafios que a Europa enfrenta em termos de competitividade e segurança num mundo em rápida transformação. A mensagem central do relatório é clara: apesar da força económica da Europa, a região está em risco de definitivamente perder terreno face a choques externos, tensões geopolíticas e avanços tecnológicos, a menos que tome medidas estratégicas urgentes.

 

Para responder às ameaças, Draghi identifica três áreas críticas onde a Europa precisa de atuar rapidamente: inovação, descarbonização e segurança.

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Colmatar o défice de inovação
 

Draghi é claro ao apontar a falta de investimento em inovação como um dos maiores desafios da Europa. Esta região enfrenta diversas barreiras à inovação, como a baixa despesa pública em I&I, a falta de instituições de I&D de topo, a fragmentação, as barreiras regulamentares, entre outras.

A posição fraca da Europa na tecnologia digital deve-se a uma estrutura industrial estática, que produz um círculo vicioso de baixo investimento e baixa inovação.

 

O ciclo resultante de baixo dinamismo industrial, baixa inovação, baixo investimento e baixo crescimento da produtividade na Europa é conhecida por "armadilha tecnológica intermédia".

Alinhar Descarbonização e Competitividade

Draghi alerta que a transição para uma economia verde tem de ser gerida com muito cuidado e ponderação, para evitar o enfraquecimento da competitividade económica.

Atualmente, os preços da energia na Europa são consideravelmente mais elevados do que nos EUA ou na China, colocando as empresas europeias em forte desvantagem. A descarbonização oferece uma oportunidade para a Europa baixar os preços da energia e assumir a liderança em tecnologias limpas, nas quais é líder.

Reforçar a Segurança e Reduzir Dependências

O relatório destaca, ainda, as vulnerabilidades da Europa em termos de segurança e dependência de fornecedores externos.

Por um lado, a deterioração das relações geopolíticas cria novas necessidades de investimento na defesa e na capacidade industrial. Tornar-se mais independente cria um "custo de seguro" para a Europa, mas esse custo pode ser atenuado pela cooperação.

Por outro lado, a Europa tem amplas dependências externas, que vão desde tecnologias avançadas a matérias-primas essenciais, cuja oferta se encontra muito concentrada. Para reduzir as suas vulnerabilidades, a UE necessita de desenvolver uma verdadeira política económica externa, baseada na garantia de recursos críticos. A UE deve também explorar o potencial dos recursos nacionais através da exploração mineira, da reciclagem e da inovação em materiais alternativos. 

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A realização deste trabalho pela EY-Parthenon permitiu compreender os desafios e oportunidades que a Europa enfrenta em termos de competitividade, sustentabilidade e segurança, orientando a formulação de políticas estratégicas para um futuro resiliente.

Faça download do Relatório Completo

Resumo

A produção de relatórios sobre os desafios contemporâneos da Europa, como o "Relatório Letta" e o "Relatório Draghi", tem sido significativa. O "Relatório Letta" propõe uma quinta liberdade para o mercado único, centrada na investigação e inovação. O "Relatório Draghi" alerta para a perda de competitividade e destaca a necessidade de agir em inovação, descarbonização e segurança. A EY-Parthenon analisa estes documentos para orientar a Europa na construção de um futuro resiliente e competitivo.


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