Neste ambiente complexo, o comércio mundial tem tido uma metamorfose considerável, associada ao surgimento de novos atores dominantes, com a Ásia emergente e a China a ascenderem aos palcos principais. Há, também, um incremento significativo na regulamentação e controlo das exportações, sinal evidente da transição para novas políticas comerciais globais. Nesta metamorfose são abrangidas principalmente três vertentes: assegurar a autossuficiência interna, conter os adversários geopolíticos e estimular o investimento em infraestruturas produtivas locais.
Em paralelo, assistimos a um aumento do uso de subsídios e das políticas industriais, particularmente nos países desenvolvidos, para incentivar o investimento interno, alavancar o emprego e potenciar a transição para práticas mais verdes.
Este pico de uma nova economia política de governação comercial delega a globalização e a liberalização do comércio internacional para uma posição secundária quando comparadas com metas de desenvolver cadeias de abastecimento resilientes, a promoção de uma transição energética justa, a geração de empregos bem remunerados, o combater à corrupção e à fraude fiscal e o fomento do crescimento de infraestruturas digitais seguras.
A antevisão económica para 2024 sinaliza um abrandamento das condições económicas, impulsionado por resultados mais modestos nos EUA e na China. A conjugação de fatores adversos emergentes, como o aperto da política monetária sobre a economia real nos EUA e na Europa, causam algum ceticismo quanto às perspetivas para o comércio internacional no curtíssimo prazo. Apesar disso, mesmo contra um pano de fundo de desaceleração global da produção industrial em 2023, espera-se alguma revitalização do comércio internacional de bens em 2024.
As cadeias de abastecimento globais também estão em profunda metamorfose: as empresas deparam-se com desafios acrescidos, desde a instabilidade dos preços das matérias-primas e as exigências de sustentabilidade intensificadas, até à necessidade de reforço da cibersegurança e à escassez de talento.
Este panorama dá origem a um novo paradigma, que reforça a pertinência do comércio internacional. Os governos têm um papel cada vez mais ativo nesta esfera e adivinha-se uma intensificação desta tendência.
Analisando Portugal, o país está num processo acelerado de ajuste face às grandes economias da UE, antevendo-se um fortalecimento das relações intra-europeias. As exportações nacionais encontram-se alinhadas com as exportações europeias, sendo os veículos automóveis e os combustíveis os produtos mais relevantes.
Perante este novo cenário do comércio internacional, as nossas recomendações para as empresas giram em torno de três vetores estratégicos: Liderança, Estratégia e Diversificação.