Os países pioneiros nesta trajetória de legalização foram os EUA (1996) e o Canadá (2001), mas, mais recentemente, vários países europeus começaram também a legalizar a canábis medicinal, sendo os Países Baixos (2003) e a Itália (2006) os pioneiros.
Em Portugal, o uso terapêutico da canábis foi legalizado em 2018 e está regulamentado desde fevereiro de 2019. Desde esta data, Portugal promoveu um enquadramento regulamentar estável e consolidado, demarcando-se dos demais países europeus e reforçando, por esta via, o seu posicionamento estratégico nesta indústria.
A indústria da canábis medicinal, à semelhança de outras indústrias de life sciences, está associada a um esforço de I&D e inovação elevado. À medida que um número crescente de países avança na legalização da canábis medicinal, a atividade de I&D nesta área intensifica-se. Os principais players empresariais desta indústria estão a investir no reforço das suas capacidades de I&D, através da criação de hubs e centros de investigação. As principais áreas de I&D e inovação estão associadas sobretudo à criação de novas sementes, à otimização de práticas de cultivo e técnicas de extração, ao desenvolvimento de novos produtos e a áreas e indústrias complementares, tais como a distribuição e comercialização, métodos de pagamento, serviços ao cliente, entre e outros, permitindo melhorar o acesso e aumentar a eficiência de toda a cadeia de valor. A investigação tem-se focado maioritariamente no CBD e no THC, mas existem mais de 140 canabinóides com potencial de aplicação na saúde humana, constituindo novas avenidas para a investigação científica e para a indústria.
A progressiva abertura do continente europeu à canábis medicinal tem motivado investimento e deslocação de importantes players mundiais para países-chave europeus, como Portugal ou o Reino Unido. A proximidade geográfica aos grandes mercados europeus (nomeadamente, o alemão) encerra importantes benefícios, nomeadamente a diminuição de custos e de prazos de entrega dos produtos. Adicionalmente, sobretudo em países do sul da Europa, alguns fatores produtivos, como terrenos para cultivo, mão-de-obra, utilities e serviços de suporte, revelam-se mais competitivos em comparação com outras geografias.