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Estudo prospetivo sobre as redes públicas de distribuição de gás em Portugal e a cadeia de valor associada

A EY-Parthenon elaborou para a APIEE um Estudo prospetivo sobre as redes públicas de distribuição de gás em Portugal e a cadeia de valor associada” que advoga uma transição energética justa e inclusiva, que acomode e capitalize as mais diversas fontes de energias renováveis e que garanta um futuro mix energético seguro, resiliente e competitivo


Segundo as previsões disponíveis, a procura de gás natural na UE-27 e em Portugal deverá diminuir de forma contínua a partir de 2025. Com a política de Trump e os desenvolvimentos do lado da oferta, a realidade poderá vir a mostrar-se diferente, tanto mais que, sendo o combustível fóssil com menores emissões de GEE, o gás natural permanecerá como uma fonte energética importante e, tendencialmente, uma das fontes energéticas economicamente mais competitivas.

Independentemente disto, a rede nacional de distribuição de gás constitui-se como um ativo nacional muito valioso e necessário, cuja sustentabilidade importa acautelar e garantir. A rede nacional de distribuição de gás destaca-se pela qualidade, capilaridade e adequação à crescente necessidade de veiculação de gases renováveis.

Neste enquadramento, a EY-Parthenon, em colaboração com o INEGI, apoiou a APIEE (Associação Portuguesa dos Industriais de Engenharia Energética) no desenvolvimento de um estudo prospetivo sobre as redes públicas de distribuição de gás em Portugal e a cadeia de valor associada. O principal objetivo do estudo consistiu na análise dos cenários potenciais de evolução futura dos mercados da energia (em especial, do gás natural e gases renováveis), no seu dimensionamento potencial e na formulação de recomendações.

O relatório Draghi enfatiza que a Europa deve reduzir os elevados preços da energia, continuando simultaneamente a descarbonizar e a evoluir para uma economia circular. As empresas da UE continuam a enfrentar preços da eletricidade 2 a 3 vezes superiores aos dos EUA e os preços do gás natural pagos são 4 a 5 vezes mais elevados: solução de aproximação é crítica.

GAP dos preços do gás e do comércio retalhista para a indústria | 2019-23

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A descarbonização afirma-se como uma oportunidade para a Europa, tanto para assumir a liderança em novas tecnologias limpas e soluções de circularidade, como para mudar a produção de energia para fontes de energia limpas, seguras e de baixo custo, nas quais a UE dispõe de generosos recursos naturais. A transição energética será gradual e os combustíveis fósseis continuarão a desempenhar um papel central na definição dos preços da energia durante o resto desta década, ameaçando uma volatilidade contínua dos preços para os utilizadores finais.

A incorporação de gases renováveis como o hidrogénio e o biometano é uma das soluções para a eliminação progressiva da dependência de combustíveis fósseis. Através da Estratégia Nacional para o Hidrogénio e do Plano de Ação para o Biometano, Portugal poderá assumir uma posição esclarecida na progressiva substituição do gás natural por gases renováveis.

Antecipam-se três cenários possíveis de evolução futura do mercado de energia em Portugal, sendo os mais efetivos do ponto de vista do custo e contribuição para a descarbonização.

Cenários de evolução futura do mercado da energia em Portugal 2025

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O cenário central, baseado em documentos de referência como o PNEC 2030 e o RNC 2050, pretende refletir a evolução do sistema energético nacional de acordo com as políticas e metas em vigor. A evolução da procura de gás natural e gases renováveis tem ainda por base a estratégia nacional para o hidrogénio, plano de ação do biometano e planos de investimento nas redes.

Alternativamente, o segundo cenário pressupõe maior contribuição dos gases renováveis para a descarbonização do sistema energético nacional, de forma a colmatar baixos níveis de eletrificação e eficiência, essencialmente nos setores da indústria e dos edifícios, mas também maior número de pontos de consumo de gás e redes descentralizadas.

Já o terceiro cenário representa um futuro com uma taxa de eletrificação acima do esperado, em todos os setores, assim como um aumento de eficiência (essencialmente no setor industrial e nos edifícios). A taxa de eletrificação será condicionada por limitações técnicas e de mercado, sendo que as redes tenderão a manter-se centralizadas.

Grande parte do crescimento antecipado da procura de eletricidade na UE pode não se vir a concretizar, com implicações importantes para a transição energética. Com efeito, um mix energético futuro composto na esmagadora maioria por eletrificação é pouco provável, pelo que se antecipa um papel relevante para os gases renováveis e o gás natural.

A procura de gás (natural e renovável) para fins industriais deverá permanecer elevado em Portugal nas próximas décadas, mas o mesmo não deverá acontecer no segmento doméstico e dos edifícios em geral. Contudo, uma redução significativa da procura de gás no mercado doméstico poderá acarretar consequências altamente nocivas para o financiamento da rede de gás nacional como um todo, algo que parece não estar ainda a ser percecionado de forma séria pelas autoridades.

Evolução prevista da energia veiculada na rede nacional de gás e do investimento | 2019-2050

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Nota: BP< - Baixa Pressão para fornecimentos anuais inferiores a 10 000 m3; BP> - Baixa Pressão para fornecimentos anuais superiores a 10 000 m3; MP - Média Pressão  

O exercício de previsão realizado pela EY-Parthenon aponta para uma redução significativa do investimento global nas redes de distribuição de gás em resultado da quebra potencial da procura doméstica. Esta realidade, se não for estrategicamente controlada, colocará em causa a competitividade das empresas dependentes desta fonte energética.

Implicações de uma redução significativa dos consumidores domésticos de gás

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Neste contexto, um cenário equilibrado que promova a diversificação da matriz energética da economia nacional aportará um conjunto de vantagens significativas para os consumidores em geral. A manutenção da rede de distribuição de gás garantirá a segurança energética e a fiabilidade, apoiará a transição energética, preservando uma reserva estável e a escolha do consumidor. A somar a isto, um cenário equilibrado que aposte na diversificação energética também permitirá menores riscos de dependência face ao exterior, a promoção do desenvolvimento económico (derivado essencialmente pela predominância do setor agrícola e o seu potencial para o biometano), a promoção da sustentabilidade ambiental (por via da facilitação da incorporação de fontes de energia renováveis na rede de gás).

A realização deste trabalho pela EY-Parthenon pretende dar maior protagonismo ao papel que rede de gás e o seu potencial para a veiculação de gases renováveis pode assumir na dinamização económica e no fomento da competitividade de Portugal face ao resto do mundo. Deste estudo, emergem como principais recomendações: 

  •  Apoiar a inovação tecnológica: investir em tecnologias avançadas para a rede de distribuição, como   sistemas   de monitorização e gestão inteligente, que aumentem a eficiência operacional e reduzam   custos a longo prazo;
  •  Diversificar os vetores energéticos: integrar gases renováveis na rede de distribuição para diversificar os vetores   energéticos veiculados na rede, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e promover a sustentabilidade   económica;
  •  Fomentar a eficiência energética: desenvolver iniciativas que promovam o uso eficiente de qualquer gás,   reduzindo os custos de energia para empresas e consumidores, e aumentando o rendimento disponível;
  •  Desenvolver parcerias estratégicas: estabelecer colaborações com empresas tecnológicas e instituições de   pesquisa para impulsionar a inovação na rede de distribuição de gás, garantindo uma infraestrutura moderna e   resiliente que suporte o crescimento económico.
  • Procurar preservar a mão de obra especializada existente que garanta as necessidades de nova construção e a manutenção da atual rede.

Faça download do Estudo Completo

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Resumo

A EY-Parthenon elaborou para a APIEE um Estudo prospetivo sobre as redes públicas de distribuição de gás em Portugal e a cadeia de valor associada” que advoga uma transição energética justa e inclusiva, que acomode e capitalize as mais diversas fontes de energias renováveis e que garanta um futuro mix energético seguro, resiliente e competitivo.

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