A excelência da função financeira contribui decisivamente para o desempenho das instituições. A proposição para alcançar essa excelência inclui pessoas, sustentabilidade, dados e tecnologia
Os primeiros sinais das Finanças na história remontam à Babilónia (3.000 AC), onde os templos desempenhavam o papel de Banco para proteger o valor gerado pela sociedade (naquela época, cereais e gado). Embora não tenha sempre sido rotulado como tal, o sector financeiro tem sido um agente determinante na evolução das sociedades ao longo do tempo e como resultado disso, todo um macro-sector se foi desenvolvendo ao seu redor.
Neste contexto, torna-se evidente que a função responsável pela gestão das finanças em instituições do sector financeiro assume responsabilidades ao “quadrado”, que podem ir desde a contabilidade e a fiscalidade até à tecnologia (dependendo da maturidade e estrutura de governo da instituição em causa). Essas responsabilidades "ao quadrado", combinadas com a disrupção "ao quadrado" (sendo generosos com o impacto dos eventos recentes), resultam em desafios e oportunidades "ao quadrado":
- Reforço da confiança dos stakeholders (na prática, todos nós) através da demonstração de adaptabilidade e transparência para responder às exigências regulatórias crescentes;
- Obtenção de capital e financiamento, numa fase de elevada volatilidade do mercado, demonstrando capacidade para criação de valor financeiro e não financeiro a longo prazo;
- Desafio aos modelos de negócio e incremento da competitividade da instituição para dar resposta à efemeridade do comportamento dos seus clientes, implementando um modelo operacional flexível e ágil;
- Desenvolver talento num ambiente de metamorfose das pessoas, promovendo as competências necessárias para lidar com um modelo operacional ágil e digital.
Assim e tendo estas oportunidades no horizonte, os CFOs (Chief Financial Officer) identificaram, num survey lançado a nível global pela EY, as seguintes prioridades para a sua Função Financeira: (i) reforço da dimensão de sustentabilidade; (ii) tomada de decisões de gestão suportadas em dados e tecnologia; e, de modo a conseguir endereçar as primeiras duas, (iii) revisão do modelo operacional e da cultura.
Com o objectivo de complementar as conclusões acima com o contexto do setor financeiro angolano, a EY lançou um survey aos CFOs de bancos e seguradoras, do qual podemos destacar os seguintes resultados iniciais:
- 86% dos participantes consideram que os sistemas e aplicações de suporte à Função Financeira apresentam vulnerabilidades;
- Mais de 3/4 dos participantes entendem que a revisão do modelo de negócio e a identificação de novas fontes de receita serão as principais exigências futuras;
- 8 em cada 10 demostram preocupação com o aumento da complexidade regulatória e do escrutínio por parte do supervisor.
Para materializar a resposta aos desafios identificados, cabe aos CFOs formular um teorema que, não sendo pitagórico, promova a criação de valor sustentável. Essa fórmula tem de incluir os seguintes elementos cuja ponderação poderá variar em função da maturidade da Função Financeira: (i) exploração dos dados para suportar decisões de gestão, (ii) desenvolvimento dos alicerces tecnológicos para, além da exploração dos dados, incrementar a eficiência, (iii) ênfase na criação de valor sustentável, (iv) flexibilização do modelo operacional e (v) promoção das competências que, enquadradas nas preferências dos colaboradores, dotem a Função Financeira das capacidades necessárias para lidar com os elementos mencionados acima.
É crucial que a função financeira paute a sua actuação pela excelência, contribuindo para a optimização do desempenho das instituições e o aumento da confiança do público no sector financeiro. A fórmula para colocar a Função na direcção da excelência tem de somar os investimentos nestes elementos (pessoas, dados e tecnologia), aproveitando o momentum e aplicando seja qual for o expoente!
Artigo escrito por João Rueff Tavares, Diretor EY, Consulting Financial Services