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A importância da estabilidade cambial no sistema financeiro Angolano


Transformação Económica em Angola: A Estabilidade Cambial como Motor. Veja como a estabilidade da moeda está a imuplsionar negócios e investimentos num dos mercados mais promissores de África.

Aestabilidade cambial desempenha um papel crucial no desenvolvimento económico e financeiro de qualquer país, uma vez que reduz o nível de incerteza do preço das importações, tanto para empresas como para consumidores locais.

A estabilidade cambial possibilita ainda um planeamento dos negócios mais adequado, reduzindo os factores de pressões inflacionárias, que tendem a ter um impacto significativo na gestão das empresas.

Angola é um país em crescimento, com uma economia dependente dos recursos naturais, nomeadamente das receitas de exportação de petróleo, e elevada dependência da importação de bens essenciais. Neste contexto, a estabilidade cambial assume uma elevada importância nomeadamente pela necessidade de acesso à moeda estrangeira (essencialmente o Euro e Dólar norte americano) necessária ao desenvolvimento da actividade económica.

Importa também referir que a estabilidade cambial é crítica para facilitar o comércio internacional. As taxas de câmbio estáveis tornam as exportações angolanas mais competitivas no mercado global, uma vez que os preços dos produtos não sofrem flutuações repentinas e consequentemente permitem uma gestão mais estruturada do negócio. Adicionalmente, a estabilidade cambial permite uma melhor previsão do custo do investimento interno necessário, nomeadamente no acesso às importações dos bens/serviços que não estejam disponíveis a nível nacional. Só dessa forma é possível ser efectuada uma análise do real custo/beneficio da produção nacional.

A partir de 2018 observamos uma evolução cambial considerável, marcada por uma significativa desvalorização da moeda nacional que decorre essencialmente da implementação de políticas cambiais mais livres, reflectindo as dinâmicas de oferta e procura no mercado, reduzindo a intervenção do Banco Central no acesso à moeda estrangeira. Contudo, importa salientar que o Banco Nacional de Angola continua a reconhecer a importância desta matéria e consequentemente tem vindo a realizar uma gestão do acesso a moeda estrangeira pelos intervenientes de mercado mais criteriosa, com vista a um crescimento económico sustentável. Esse investimento resultou num equilíbrio ao longo dos últimos meses (nomeadamente desde junho de 2023), da moeda nacional, sendo importante como próximo passo, a concretização de ações que permitam ultrapassar o desafio relativo à redução da sua intervenção no mercado cambial.

Por sua vez, o Governo também tem acompanhado nesta matéria as decisões do Banco Nacional de Angola, introduzindo políticas económicas que incentivam a diversificação do investimento e a diminuição do peso das importações, nomeadamente as medidas que foram anunciadas no que diz respeito ao apoio à exportação e desincentivo à importação. Este apoio visa sobretudo incentivar uma maior troca de moeda, acelerando o acesso a moeda estrangeira pelos intervenientes de mercado, reduzindo a pressão sobre o Banco Nacional de Angola.

Uma maior estabilidade cambial permite um controlo mais eficaz sobre a inflação, nomeadamente pela redução de flutuações cambiais que se traduzam em aumentos significativos dos preços internos. Se a moeda nacional for desvalorizada, potencia uma “balança de pagamentos” desequilibrada, implicando importações mais “caras”, prejudicando assim o poder de compra da população, nomeadamente em produtos de consumo básico.

É também de salientar o impacto positivo que a estabilidade cambial tem no sistema bancário. Se existir uma estabilidade financeira maior, a gestão de riscos relacionados à concessão de crédito e ao equilíbrio da exposição a moeda estrangeira torna a sua análise mais exequível. Essa importância é acentuada sobretudo num mercado onde não existem instrumentos financeiros acessíveis, que permitam a cobertura de risco, implicando que a gestão do apetite ao risco seja efectuada de uma forma mais prudente, diminuindo o acesso a crédito pelas empresas nacionais ou a taxas de juros elevadas. Esse acesso só será possível depois de um ambiente de negócio mais aberto, facilitando a relação comercial com um maior número de bancos situados nas economias de referência. É facilmente observável, através da análise dos balanços dos maiores bancos comerciais a nível internacional, que os derivados de cobertura de risco têm uma importância significativa na sua exposição a determinados riscos, permitindo criar um rácio de transformação (peso da concessão de crédito no total de depósitos) significativamente superior ao que se verifica no sistema angolano.

As limitações inerentes à menor estabilidade cambial, ou existência de produtos que potenciem a cobertura de riscos, reduzem o incentivo à concessão de liquidez ao mercado, sobretudo através da concessão de crédito, que têm como fim principal o investimento local. Tende-se a verificar um peso relativo relevante do investimento em obrigações de tesouro no total dos ativos dos maiores intervenientes do sistema bancário.

Em suma, podemos verificar que a estabilidade cambial é um factor de grande importância para o desenvolvimento económico e financeiro de Angola. Esta estabilidade reduz a incerteza nos investimentos, permitindo uma melhor projecção dos indicadores financeiros por parte dos órgãos de gestão desempenhando um papel crucial na construção de um futuro económico mais estável e próspero para o país. 

 
Artigo escrito por Francisco Vasconcelos, Manager EY, Assurance Services

Resumo

A estabilidade cambial é vital para o crescimento económico de Angola, reduz a incerteza nas questões atuais e ajuda no planeamento empresarial. Desde 2018, Angola aposta na desvalorização monetária, mas o Banco Nacional tem trabalhado para equilibrar o acesso à moeda estrangeira e promover um desenvolvimento sustentável. A estabilidade cambial controla a inflação, protege o poder de compra e melhora o sistema bancário, sendo crucial para garantir um futuro económico estável em Angola.

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